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Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

No dia triste o meu coração mais triste que o dia...

Nuvens

 

Nuvens

 

No dia triste o meu coração mais triste que o dia... 
Obrigações morais e civis? 
Complexidade de deveres, de consequências? 
Não, nada... 
O dia triste, a pouca vontade para tudo... 
Nada... 

Outros viajam (também viajei), outros estão ao sol 
(Também estive ao sol, ou supus que estive), 
Todos têm razão, ou vida, ou ignorância simétrica, 
Vaidade, alegria e sociabilidade, 
E emigram para voltar, ou para não voltar, 
Em navios que os transportam simplesmente. 
Não sentem o que há de morte em toda a partida, 
De mistério em toda a chegada, 
De horrível em todo o novo... 

Não sentem: por isso são deputados e financeiros, 
Dançam e são empregados no comércio, 
Vão a todos os teatros e conhecem gente... 
Não sentem: para que haveriam de sentir? 
Gado vestido dos currais dos Deuses, 
Deixá-lo passar engrinaldado para o sacrifício 
Sob o sol, alacre, vivo, contente de sentir-se... 
Deixai-o passar, mas ai, vou com ele sem grinalda 
Para o mesmo destino! 
Vou com ele sem o sol que sinto, sem a vida que tenho, 
Vou com ele sem desconhecer... 

No dia triste o meu coração mais triste que o dia... 
No dia triste todos os dias... 
No dia tão triste...

 

Álvaro de Campos

 

Novembro de 2012

Jorge Soares

Quanto tempo dura o eterno?

De guarda

 

Alice: Quanto tempo dura o eterno?
Coelho: As vezes apenas um segundo.
(Alice no País das Maravilhas)

Lewis Carroll


Acreditem ou não, esta fotografia foi tirada em frente a um quartel militar que está activo .... claramente foi num lugar onde se dão prioridades a outras coisas.... desejo de todo coração que seja assim para sempre ... e que os exemplos se sigam noutros locais onde há mais dificuldade em estabelecer este tipo de prioridades.

 

Cidade da Praia

Cabo Verde

Novembro de 2012

Jorge Soares

A palidez do dia é levemente dourada.

Gerês

 

A palidez do dia é levemente dourada.

O sol de Inverno faz luzir como orvalho as curvas

                Dos troncos de ramos secos.

                O frio leve treme.

 

Desterrado da pátria antiquíssima da minha

Crença, consolado só por pensar nos deuses,

                Aqueço-me trémulo

                A outro sol do que este.

 

O sol que havia sobre o Parténon e a Acrópole

0 que alumiava os passos lentos e graves

                De Aristóteles falando.

                Mas Epicuro melhor

 

Me fala, com a sua cariciosa voz terrestre

Tendo para os deuses uma atitude também de deus,

                Sereno e vendo a vida

                À distância a que está.

 

Ricardo Reis


Gerês

Novembro de 2010

Jorge Soares

Tarde pintada por não sei que pintor.

Folhas do Outono

 

 

Outono

Tarde pintada
Por não sei que pintor.
Nunca vi tanta cor
Tão colorida!
Se é de morte ou de vida,
Não é comigo.
Eu, simplesmente, digo
Que há fantasia
Neste dia,
Que o mundo me parece
Vestido por ciganas adivinhas,
E que gosto de o ver, e me apetece
Ter folhas, como as vinhas.

Miguel Torga, Diário X (1966)


Uma folha de plátano pintada com as cores do Outono

jardim do Bonfim, Setúbal

Outubro de 2012

Jorge Soares

Madrugada, o porto adormeceu

Amanhecer

 

memória da noite

 

Madrugada, o porto adormeceu, amor,

A lua ondula sobre as ondas

Piso espelhos antes de que saia o sol

Na noite guardei a tua memória.

 

Perderei outra vez a vida

Quando a luz romper nos costões,

Perderei o dia em que aprendi a beijar

Palabras dos teus olhos sobre o mar,

Perderei o dia em que aprendi a beijar

Palavras dos teus olhos sobre o mar.

 

Veio a manhã antes de vir o rumor,

Levou uma maré à sua sombra.

Barcos negros cruzam a manhã sem voz,

As redes vazias, sem gaivotas.

 

E dirão, contarão mentiras

Para oferecer-las ao patrão:

Vão querer fechar com algumas moedas, talvez,

Os teus olhos abertos sobre o mar,

Vão querer fechar com algumas moedas, talvez,

Os teus olhos abertos sobre o mar.

 

Madrugada, o porto despertou, amor,

O relógio do bar ficou parado

Na costeira muda da desolação

Não vamos esquecer nem perdoa-lo.

 

Voltarei, voltarei à vida

Quando a luz bater nos costões

Por que nós arrancamos todo o orgulho do mar,

Nós não afundaremos nunca mais

Que em sua memória nao haja mais volta:

Nao nos humilharemos NUNCA MAIS.

 

Xabier Cordal


Ouvir a versão cantada por:

 

Sara Vidal e Luar na Lubre

 

Direitos de Autor
Nenhuma parte deste site pode ser reproduzida sem a prévia permissão do autor. Todas as fotografias estão protegidas pelo Decreto-Lei n.º 63/85, de 14 de Março.
Uma vez que a maioria das fotografias foram feitas em locais públicos mas sem autorização dos intervenientes, se por qualquer motivo não desejarem que sejam divulgadas neste blog entrem em contacto comigo e serão retiradas de imediato.

 

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