Espinhos
Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!
Machado de Assis
Setúbal, Outubro de 2013
Jorge Soares
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Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!
Machado de Assis
Setúbal, Outubro de 2013
Jorge Soares
hoje eu quero ouvir tuas palavras sobre luzes
e sobre rosas.
quero ver teus olhos que me convidam a viajar pela magia do universo
não romperei o silêncio.
não tocarei uma sinfonia.
não abrirei a boca.
tu? tu nem ouvirás os meus passos.
mas a pétala da rosa ao cair pelos confins do infinito
resvalando no teu coração
ah, essa tu ouvirás!
Rita Schultz
A última pétala da última rosa num dia de sol de Inverno
Setúbal, Dezembro de 2011
Jorge Soares
Rosa Amarela com a luz do fim de tarde
Cacela Velha, Tavira, Algarve
Fevereiro de 2012
Jorge Soares
Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus
[braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade, in 'O Corpo'
Tenho um vasinho de rosas à janela
Que ela trouxe consigo
Quando as vejo tão formosas,
Lembro-me dela
lembro-me dela ao postigo
Lembro-me dela ao postigo,
tão mimosa
E agora põe-se à janela
Os cabelos cor de trigo, não há rosa...
Não há rosa como ela
Não há rosa como ela na cidade
Nem nos campos donde vim
Agora põe-se à janela com vaidade
À noite à espera de mim
Lembro-me dela ao postigo
E agora põe-se à janela
É só isto que vos digo:
Não há rosa como ela
Baile Popular
Ouvir
Saí por aí à procura
de uma rosa
que não fosse de Verão
nem de Primavera,
que não cheirasse a Outono,
uma rosa que fosse apenas
uma quimera
sem dono!
E porque tudo
o que queremos fazer
fica feito... se o fizermos,
e porque tudo
o que queremos dizer
fica dito... se o dissermos,
e ainda talvez
porque tudo é eterno
se nós assim o quisermos...
Aqui fica uma Rosa,
aquela que vos trarei,
é uma Rosa de Inverno...
a única que eu encontrei!
Retirado de O meu Sofá Amarelo
"Colhida" a 24 de Dezembro no quintal da minha mãe, uma rosa de natal, uma rosa do inverno.
Alviães, Palmaz, Oliveira de Azemeis
Dezembro de 2011
Jorge Soares
Pétala Dobrada para Trás da Rosa
Pétala dobrada para trás da rosa que outros dizem de veludo.
Apanho-te do chão e, de perto, contemplo-te de longe.
Não há rosas no meu quintal: que vento te trouxe?
Mas chego de longe de repente. Estive doente um momento.
Nenhum vento te trouxe agora.
Agora estás aqui.
O que foste não és tu, se não toda a rosa estava aqui.
Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa
A última pétala de uma rosa do Outono
Setúbal
Dezembro de 2011
Jorge Soares
Alvejava de neve outrora a rosa,
Nem como agora, doce recendia;
Baixo voava Amor sem tento um dia,
E na rama espinhosa
De sua flor virgínea se feria.
Do sangue divina! gota amorosa
Da ligeira ferida lhe corria,
E as flores da roseira onde caía
Tomavam do encarnado a cor lustrosa.
Agora formosa
A rúbida flor
Recorda de Amor
A chaga ditosa.
Para os braços da mãe voou chorando;
Um beijo lhe acalmou penas e ardores:
E tão doce o remédio achou das dores,
Que Amor só desejou de quando em quando
Que assim penando,
Com seus clamores
Novos favores
Fosse alcançando.
Súbito voa, pelos ares fende;
As rosas viu de sua dor trajadas,
E que só de suas glórias namoradas
Nada dissessem com razão se ofende:
A mão lhe estende,
E delicioso
Cheiro amoroso
Nelas recende.
Vós que as rosas gentis buscais, amantes,
Nos jardins do prazer,
E, em vez da flor, espinhos penetrantes
Só chegais acolher,
Resignados sofrei, sede constantes,
Que a desventura,
Que a mágoa e dor
Sempre em doçura
Converte Amor.
Almeida Garret
Uma rosa em Hide Park
Londres, Agosto de 2011
Jorge Soares
Revisitando o passado em tempo de férias
Uma rosa do quintal da minha mãe
Abril de 2009
Jorge Soares
Suave é a bela como se música e madeira,
ágata, telas, trigo, pêssegos transparentes,
tivessem erigido a fugitiva estátua.
Para a onda dirige seu contrário frescor.
O mar molha polidos pés copiados
à forma recém-trabalhada na areia
e é agora seu fogo feminino de rosa
uma borbulha só que o sol e o mar combatem.
Ai, que nada te toque senão o sal do frio!
Que nem o amor destrua a primavera intacta.
Formosa, revérbero da indelével espuma,
deixa que teus quadris imponham na água
uma medida nova de cisne ou de nenúfar
e navegue tua estátua pelo cristal eterno.
Pablo Neruda