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Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

Vila Nova de Milfontes

Milfontes, o rio Odemira e o mar

Milfontes barco

Milfontes, Rio Mira, o mar ao fundo

Vila Nova de Milfontes 

 

Sob o Signo da Água

    O elemento líquido tem estado presente ao longo da história local e reflectiu-se na toponímia. O próprio nome de Milfontes (mil + fontes) indica a existência de uma terra de águas abundantes. Mil, neste caso, não significa um numeral preciso, mas um número grande e indeterminado, como é vulgar na língua portuguesa. Fontes, por seu lado, relaciona-se com "nascentes de água". Portanto, terra de muitas águas – em resultado da constituição geológica do sítio onde nasceu. Hoje, essa realidade está algo alterada, fruto da acção humana recente.

   O nome, de contornos poéticos, foi durante muito tempo alvo da implicância de detractores. Diziam-no uma mentira, pois não existiam mil fontes. Um viajante inglês, que por aqui passou em 1801, escreveu, sarcástico, que "the new town has all old houses and the inhabitants of the town of a thousand fountains are obliged to drink well water". Nem ele, nem os outros perceberam.

     A origem do nome do próprio rio é curiosa. Houve quem quisesse ver nele uma palavra árabe ou germânica. Fantasias! A palavra Mira, pensam hoje os especialistas, provem da antiga língua falada na região, antes dos romanos, antes, antes mesmo dos celtas. E, tudo indica, significa "curso de água", isto é, "rio". Portanto, as antigas populações chamavam ao rio, simplesmente... rio. Quem não entendeu o antigo falar da população foram os sucessivos povos que posteriormente estiveram na Península. Com efeito, eles julgaram estar perante um nome próprio. Por isso, os romanos ter-lhe-ão chamado Mira flumen e os árabes designaram-no por ode Mira. E assim se repetia em diferentes línguas a mesma ideia.

 

Retirado de :Milfontes, Quadros da sua História

 

Vial Nova de Milfontes, Odemira

Junho de 2009

Lua Adversa

Tenho fases como a Lua

 

 

Tenho fases, como a lua.

Fases de andar escondida,

fases de vir para a rua...

Perdição da minha vida!

Perdição da vida minha!

Tenho fases de ser tua,

tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vem,

no secreto calendário

que um astrólogo arbitrário

inventou para meu uso.

E roda a melancolia

seu interminável fuso!

Não me encontro com ninguém

(tenho fases, como a lua...)

No dia de alguém ser meu

não é dia de eu ser sua...

E, quando chega esse dia,

o outro desapareceu....

 

CECÍLIA MEIRELES

 

Nos Açores a lua está sempre sobre o mar.... pelo menos é assim que a recordo, naquele dia ela brincava às escondidas comigo, ora ia, ora vinha... ou seriam as nuvens que iam e vinham?.. já não sei... no dia a seguir estava a chover!

 

Lagoa, São Miguel,Açores,

Agosto de 2008

Aug 19, 2008, Câmara: SONY , Modelo: DSLR-A350, ISO: 400, Exposição: 1.0 seg., Abertura: 5.6, Extensão focal: 35mm

JANELA VIRADA P´RO MAR

Naquela Janela.. virada para o mar 

 

Cem anos que eu viva, não posso esquecer-me 
Daquele navio que eu vi naufragar 
Na boca da barra tentando perder-me 
Daquela janela virada p´ro mar 

Sei lá quantas vezes matei o desejo 
E fui pelo mar fora com a alma a sangrar 
Levando na ideia uns lábios que invejo
E aquela janela virada p´ro mar 

Marinheiro do mar alto olha as ondas, uma a uma 
Preparando-te um assalto entre montes de alva espuma 
Por mais que elas bailem numa louca orgia 
Não trazem desejos de me torturar 
Como aquela doida que eu deixei um dia 
Naquela janela virada p´ro mar…

Se mais ainda houvesse, mais portos correra 
Lembrando-me em noites de meigo luar 
Duns olhos gaiatos que trago à espera 
Naquela janela virada p´ro mar

Mas quis o destino que o meu mastodonte 
Já velho e cansado, viesse encalhar 
Na boca da barra, e mesmo de fronte 
Daquela janela virada p´ro mar…

 

(Frederico de Brito)

 

Ponta Delgada, Açores

Agosto de 2008

 

 

Aug 20, 2008, Câmara: SONY DSLR-A350, ISO: 100,Exposição: 1/500 seg.,Abertura: 9.0, Extensão focal: 60mm

 

PS:Obrigado Rosa

 

Por trás daquela Janela

Por trás daquela janela, Fernando Pessoa

 

Por trás daquela janela
Cuja cortina não muda
Coloco a visão daquela
Que a alma em si mesma estuda
No desejo que a revela.

 

Não tenho falta de amor.
Quem me queira não me falta.
Mas teria outro sabor
Se isso fosse interior
Àquela janela alta.

 

Porquê? Se eu soubesse, tinha
Tudo o que desejo ter.
Amei outrora a Rainha,
E há sempre na alma minha
Um trono por preencher.

 

Sempre que posso sonhar,
Sempre que não vejo, ponho
O trono nesse lugar;
Além da cortina é o lar,
Além da janela o sonho.

 

Assim, passando, entreteço
O artifício do caminho
E um pouco de mim me esqueço
Pois mais nada à vida peço
Do que ser o seu vizinho.

 

Fernando Pessoa in Cancioneiro

 

Ponta Delgada, Açores, Agosto de 2008

 

 
Aug 20, 2008, Câmara: Sony DSLR - A350, ISO 100, Exposição: 1/80 Seg. Abertura 9.0, Extensão Focal  35 mm
 

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