Vila Nova de Milfontes
Sob o Signo da Água O elemento líquido tem estado presente ao longo da história local e reflectiu-se na toponímia. O próprio nome de Milfontes (mil + fontes) indica a existência de uma terra de águas abundantes. Mil, neste caso, não significa um numeral preciso, mas um número grande e indeterminado, como é vulgar na língua portuguesa. Fontes, por seu lado, relaciona-se com "nascentes de água". Portanto, terra de muitas águas – em resultado da constituição geológica do sítio onde nasceu. Hoje, essa realidade está algo alterada, fruto da acção humana recente. O nome, de contornos poéticos, foi durante muito tempo alvo da implicância de detractores. Diziam-no uma mentira, pois não existiam mil fontes. Um viajante inglês, que por aqui passou em 1801, escreveu, sarcástico, que "the new town has all old houses and the inhabitants of the town of a thousand fountains are obliged to drink well water". Nem ele, nem os outros perceberam. A origem do nome do próprio rio é curiosa. Houve quem quisesse ver nele uma palavra árabe ou germânica. Fantasias! A palavra Mira, pensam hoje os especialistas, provem da antiga língua falada na região, antes dos romanos, antes, antes mesmo dos celtas. E, tudo indica, significa "curso de água", isto é, "rio". Portanto, as antigas populações chamavam ao rio, simplesmente... rio. Quem não entendeu o antigo falar da população foram os sucessivos povos que posteriormente estiveram na Península. Com efeito, eles julgaram estar perante um nome próprio. Por isso, os romanos ter-lhe-ão chamado Mira flumen e os árabes designaram-no por ode Mira. E assim se repetia em diferentes línguas a mesma ideia. Retirado de :Milfontes, Quadros da sua História Vial Nova de Milfontes, Odemira Junho de 2009