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Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

O Crepúsculo

Pôr do sol no Luso 

Impressões do crepúsculo

 

Paúis de roçarem ânsias pela minha alma em ouro...
Dobre longíquo de outros sinos... Empalidece o louro
Trigo na cinza do poente... corre um frio carnal por minha'alma...
Tão sempre a mesma a Hora!... Balouçar de cimos de palma!...
Silêncio que as folhas fitam em nós... Outono delgado
Dum canto de vaga ave... Azul esquecido em estagnado...
Oh que mudo grito de ânsia põe garras na Hora!
Que pasmo de mim anseia por outra coisa que o que chora!
Estendo as mãos para além, mas ao estendê-las já vejo
Que não é aquilo que quero aquilo que desejo...
Címbalos de Imperfeição... Ó tão antiguidade
A Hora expulsa de si-Tempo! Onda de recuo que invade
O meu abandonar-me a mim próprio desfalecer,
E recordar tanto o Eu presente que me sinto esquecer!...
Fuido de auréola, transparente de Foi, oco de ter-se...
O Mistério sabe-me a eu ser outro... Luar sobre o não conter-se...
A sentinela é hirta - a lança que finca no chão
É mais alta do que ela... Para que é tudo isto... Dia chão...
Trepadeiras de despropósito lambendo a Hora os Aléns...
Horizontes fechando os olhos ao espaço em que são elos de ferro...
Fanfarras de ópios de silêncios futuros... longes trens...
Portões vistos longe... através das árvores... tão de ferro!
 
Fernando Pessoa
 
Não parece, mas eram perto das 4 da tarde do dia do Solstício do Inverno, estava muito frio e desde o mar aproximavam-se as nuvens que nos iriam acompanhar nas duas ou 3 semanas seguintes.
 
Luso, Dezembro de 2009
Jorge Soares
22 de Dez de 2009, Câmara: SONY DSLR-A350, ISO: 100, Exposição: 1/160 seg.,Abertura: 11.0, Extensão focal: 70mm

 

Para além da curva da estrada

Estrada para as sete cidades 

 

 

"Para além da curva da estrada 

Talvez haja um poço, e talvez um castelo, 

E talvez apenas a continuação da estrada. 

Não sei nem pergunto. 

Enquanto vou na estrada antes da curva 

Só olho para a estrada antes da curva, 

Porque não posso ver senão a estrada antes da curva. 

De nada me serviria estar olhando para outro lado 

E para aquilo que não vejo. 

Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos. 

Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer. 

Se há alguém para além da curva da estrada, 

Esses que se preocupem com o que ha para além da curva da estrada. 

Essa é que é a estrada para eles. 

Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos. 

Por ora só sabemos que lá não estamos. 

Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva 

Há a estrada sem curva nenhuma." 

 

Alberto Caeiro

 

Estrada para as Sete Cidades

São Miguel, Açores

Agosto de 2008

 

Jorge Soares

 

Setúbal:Casa das quatro cabeças

Casa das 4 cabeças, Setúbal

Casa das 4 cabeças, Setúbal

Casa das 4 cabeças

Casa das quatro cabeças

Casa das quatro cabeças

 

Casa das quatro cabeças

 

 

 

Casa das Quatro Cabeças é o nome pelo qual é conhecida uma casa situada no bairro de Troino, em Setúbal, na esquina da Rua Fran Paxeco n.º 44 com a Travessa do Carmo n.º 29.

 

A porta principal

 

Na porta principal, a da Rua Fran Paxeco, o lintel tem uma inscrição em latim (Si Deus pro nobis, quis contra nos) e, a meio, um busto, que se afirma representar D. João II.

A frase que se encontra no lintel é uma citação parcial do versículo 31 do capítulo 8 da Epístola de S. Paulo aos Romanos: "Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?".

 

O cunhal

 

No cunhal da casa, um novo busto, que se afirma igualmente representar D. João II. Rodeando este estão dois pequenos bustos que são identificados como representando os conspiradores que tentaram assassinar D. João II no dia da procissão do Corpo de Deus.

 

Fonte Wikipédia

 

Setúbal, Janeiro de 2010

Jorge Soares

 

Nada que sou me interessa

Nada do que sou me interessa

 

 Nada que sou me interessa

 

 

NADA QUE SOU me interessa. 

Se existe em meu coração 

Qualquer que tem pressa 

Terá pressa em vão.

Nada que sou me pertence. 

Se existo em que me conheço 

Qualquer cousa que me vence 

Depressa a esqueço.

 

Nada que sou eu serei. 

Sonho, e só existe em meu ser, 

Um sonho do que terei. 

Só que o não hei de ter.

 

Fernando Pessoa

 

Lisboa, Novembro de 2009

Jorge Soares

 

22 de Nov de 2008, Câmara: SONY DSLR-A350, ISO: 400, Exposição: 1/80 seg., Abertura: 5.6, Extensão focal: 50mm, Flash: Sim

 

No ultimo dia de sol ....

IMoscardo

Insecto

Borboleta

Borboleta 

... de que me lembro.

 

Tinha uma boa serie com uma borboleta nas flores onde está o moscardo... mas foi levada pela desgraça que levou as 12000 fotografias que tirei no ultimo ano e meio.... paciência, haverá mais borboletas.

 

No ultimo dia de sol de que me consigo lembrar, algures a meio de Dezembro de 2009 em Setúbal

 

Jorge Soares 

A gente não faz amigos, reconhece-os.

Cisnes no jardim do Bonfim

 

Tenho amigos que não sabem o

quanto são meus amigos.

Não percebem o amor que lhes

devoto e a absoluta

necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais

nobre do que o amor,

eis que permite que o objeto dela

se divida em outros afetos,

enquanto o amor tem intrínseco o ciúme,

que não admite a rivalidade.

E eu poderia suportar,

embora não sem dor,

que tivessem morrido todos os

meus amores, mas enlouqueceria

se morressem todos os meus amigos!

 

Até mesmo aqueles que não percebem

o quanto são meus amigos e o quanto

minha vida depende de suas existências ….

A alguns deles não procuro, basta-me

saber que eles existem.

Esta mera condição me encoraja a seguir

em frente pela vida.

 

Mas, porque não os procuro com

assiduidade, não posso lhes dizer o

quanto gosto deles.

Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crônica

e não sabem que estão incluídos na

sagrada relação de meus amigos.

 

Mas é delicioso que eu saiba e sinta

que os adoro, embora não declare e

não os procure.

E às vezes, quando os procuro,

noto que eles não tem

noção de como me são necessários,

de como são indispensáveis

ao meu equilíbrio vital,

porque eles fazem parte

do mundo que eu, tremulamente,

construí e se tornaram alicerces do

meu encanto pela vida.

 

Se um deles morrer,

eu ficarei torto para um lado.

Se todos eles morrerem, eu desabo!

Por isso é que, sem que eles saibam,

eu rezo pela vida deles.

E me envergonho,

porque essa minha prece é,

em síntese, dirigida ao meu bem estar.

Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos

sobre alguns deles.

 

Quando viajo e fico diante de

lugares maravilhosos, cai-me alguma

lágrima por não estarem junto de mim,

compartilhando daquele prazer …

Se alguma coisa me consome

e me envelhece é que a

roda furiosa da vida não me permite

ter sempre ao meu lado, morando

comigo, andando comigo,

falando comigo, vivendo comigo,

todos os meus amigos, e,

principalmente os que só desconfiam

ou talvez nunca vão saber

que são meus amigos!

 

A gente não faz amigos, reconhece-os.

 

(Vinícius de Moraes)

 

Cisnes no Jardim do Bonfim, Setúbal

Dezembro de 2009

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