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Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

O que é perfeito não precisa de nada

simplicidade azul

 

 

Sim, talvez tenham razão. 
Talvez em cada coisa uma coisa oculta more, 
Mas essa coisa oculta é a mesma 
Que a coisa sem ser oculta. 

Na planta, na árvore, na flor 
(Em tudo que vive sem fala 
E é uma consciência e não o com que se faz uma consciência), 
No bosque que não é árvores mas bosque, 
Total das árvores sem soma, 
Mora uma ninfa, a vida exterior por dentro 
Que lhes dá a vida; 
Que floresce com o florescer deles 
E é verde no seu verdor. 

No animal e no homem entra. 
Vive por fora por dentro 
É um já dentro por fora, 
Dizem os filósofos que isto é a alma 
Mas não é a alma: é o próprio animal ou homem 
Da maneira como existe. 

E penso que talvez haja entes 
Em que as duas coisas coincidam 
E tenham o mesmo tamanho. 

E que estes entes serão os deuses, 
Que existem porque assim é que completamente se existe, 
Que não morrem porque são iguais a si mesmos, 
Que podem mentir porque não têm divisão [?] 
Entre quem são e quem são, 
E talvez não nos amem, nem nos queiram, nem nos apareçam 
Porque o que é perfeito não precisa de nada.

 

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"

 

 

Flor silvestre do sopé da Arrábida

Setúbal

Maio de 2010

O futuro, uma sombra mentirosa

Pescadores em Cabo Verde

 

 

Sempre o Futuro, Sempre! e o Presente

 

Sempre o futuro, sempre! e o presente 
Nunca! Que seja esta hora em que se existe 
De incerteza e de dor sempre a mais triste, 
E só farte o desejo um bem ausente! 

Ai! que importa o futuro, se inclemente 
Essa hora, em que a esperança nos consiste, 
Chega... é presente... e só á dor assiste?... 
Assim, qual é a esperança que não mente? 

Desventura ou delirio?... O que procuro, 
Se me foge, é miragem enganosa, 
Se me espera, peor, espectro impuro... 

Assim a vida passa vagarosa: 
O presente, a aspirar sempre ao futuro: 
O futuro, uma sombra mentirosa. 

Antero de Quental, in 'Sonetos'

 

 

 

Pescadores da Cidade Velha, Ilha de Santiago

Cabo Verde

Fevereiro de 2010

Porto Covo ... ou, havia um pessegueiro na ilha

A Ilha do Pessegueiro

 

Roendo uma laranja na falésia
Olhando o mundo azul à minha frente,
Ouvindo um rouxinol nas redondezas,
No calmo improviso do poente

Em baixo fogos trémulos nas tendas
Ao largo as águas brilham como prata
E a brisa vai contando velhas lendas
De portos e baías de piratas

Havia um pessegueiro na ilha
Plantado por um Vizir de Odemira
Que dizem que por amor se matou novo
Aqui, no lugar de Porto Côvo

A lua já desceu sobre esta paz
E reina sobre todo este luzeiro
Á volta toda a vida se compraz
Enquanto um sargo assa no brazeiro

Ao longe a cidadela de um navio
Acende-se no mar como um desejo
Por trás de mim o bafo do destino
Devolve-me à lembrança do Alentejo

Havia um pessegueiro na ilha
Plantado por um Vizir de Odemira
Que dizem que por amor se matou novo
Aqui, no lugar de Porto Côvo

Roendo uma laranja na falésia
Olhando à minha frente o azul escuro
Podia ser um peixe na maré
Nadando sem passado nem futuro

Havia um pessegueiro na ilha
Plantado por um Vizir de Odemira
Que dizem que por amor se matou novo
Aqui, no lugar de Porto Côvo

 

Rui Veloso

 

Ouvir no Youtube

 

Adoro esta música, é mesmo uma das que mais gosto do Rui Veloso, curiosamente já tinha passado ali ao lado muitas vezes, a estrada para Vila Nova de Milfontes e para o Algarve passa ali mesmo ao lado, nunca tinha parado... pena, porque é um lugar muito bonito, a praia é óptima e come-se muito bem.

 

Ilha do Pessegueiro, Porto Covo,

Alentejo

Maio de 2010

O meu olhar

 

O meu olhar

 

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo.  Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...

 

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)                  
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

 

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

 

Alberto Caeiro in Guardador de rebanhos

 

Moinhos do rio Ul,

Parque molinológico

Ul, Oliveira de azemeis

Março de 2009

Jorge Soares

As cores das papoilas

Papoila Laranja

Papoila Vermelha

A Cor das papoilas

Papoila cor de rosa suave

As cores das Papoilas, Laranja suave

As cores das papoilas, vermelho

 

E ainda não foi este ano que consegui passar  pelas Dunas de Tróia com a máquina quando florescem as papoilas brancas que só encontrei lá.

 

Todas estas foram colhidas nos campos aqui à volta de minha casa, um ramalhete de cores e tons, .. a natureza em todo o seu explendor.

 

Setúbal

Abril de 2010

Jorge Soares

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