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Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

Si me quitaran totalmente todo

Si me quitaran totalmente todo

 

Si me quitaran totalmente todo 
si, por ejemplo, me quitaran el saludo 
de los pájaros, o los buenos días 
del sol sobre la tierra, 
me quedaría 
aún 
una palabra. Aún me quedaría una palabra 
donde apoyar la voz.

Si me quitaran las palabras, 
o la lengua, 
hablaría con el corazón 
en la mano, 
o con las manos en el corazón.

Si me quitaran una pierna 
bailaría en un pie. 
Si me quitaran un ojo 
lloraría en un ojo. 
Si me quitaran un brazo 
me quedaría el otro, 
para saludar a mis hermanos, 
para sembrar los surcos de la tierra, 
para escribir todas las playas del mundo, con tu nombre, amor mío.

 

 

Alejandro Romualdo

Jorge Soares

Choro em becos sem saída

O beco

Choro em becos sem saída

 

Pesa-me sobre meus ombros o que a vida me reservou
Ando por becos sem saída dor dolorida um choro um sentir
Entre goles de tristezas torno-me um embriagado vagante
Reservaram-me duas alegrias suas crias depois para sempre se apagou
As amarras da vida me prendem a becos onde não vejo a luz
Ergo meus verdes olhos para o céu não vejo o seu azul
Mas eu bem sei que lá tem alguém que nunca me desamparou
E nele que deposito minha fé seu reflexo em mim sempre reluz

 

Fábio

 

 

Algures na baixa de Setúbal, vou lá voltar.. porque não há desculpa para eu não saber como se chama o arco e o beco.

 

Setúbal, Abril de 2011

Jorge Soares

Uma soma agreste

Barco na Docapesca, Setúbal

 

Era um redondo vocábulo
Uma soma agreste
Revelavam-se ondas
Em maninhos dedos
Polpas seus cabelos
Resíduos de lar,
Pelos degraus de Laura
A tinta caía
No móvel vazio,
Congregando farpas
Chamando o telefone
Matando baratas
A fúria crescia
Clamando vingança,
Nos degraus de Laura
No quarto das danças
Na rua os meninos
Brincando e Laura
Na sala de espera
Inda o ar educa


Zeca Afonso

 

Bote na Docapesca, Setúbal

Abril de 2011

Jorge Soares

quando Abril chega mais perto

Cravos de Abril
quando Abril chega mais perto
cansa o viver de joelhos
neste tempo sempre incerto
de secar cravos vermelhos

no presente enclausurado
sem golpe de asa que o fira
vive um povo amortalhado
nos pântanos da mentira

na tristeza triste infinda
do país onde me perco
quantos se lembram ainda
da flor nascida no esterco?

a nossa raiz de esperança
que em tempos de solidão
na noite mais triste lança
a sua voz que diz NÃO!

não ao inglório viver
não ao pasmo não à fome
não a um futuro sem ser
não a um povo sem nome

triste foi Pedro soldado
sem barcos e já sem guerra
desfeito o nome bordado
mas dando o seu nome à terra

terra de uma flor ridente
das portas que Abril abriu
soldado poeta gente
flor de mãos que aí floriu

erguida por mãos libertas
noutro sonho noutro dia
tantas novas descobertas
de outra cor de outra harmonia

e lá vem sempre outro Abril
um combate outra vontade
outra cor no céu de anil
que anuncia a liberdade

por Abril por mim por ti
Abril maior mundo afora
e ser português aqui
por ser português agora!

Jorge Castro
25 de Abril de 2011
Jorge Soares

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