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Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

O Silêncio abre as mãos..

Crepúsculo

 

Crepúsculo

 

Teus olhos, borboletas de oiro, ardentes 
Batendo as asas leves, irisadas, 
Poisam nos meus, suaves e cansadas 
Como em dois lírios roxos e dolentes... 

E os lírios fecham... Meu Amor, não sentes? 
Minha boca tem rosas desmaiadas, 
E as minhas pobres mãos são maceradas 
Como vagas saudades de doentes... 

O Silêncio abre as mãos... entorna rosas... 
Andam no ar carícias vaporosas 
Como pálidas sedas, arrastando... 

E a tua boca rubra ao pé da minha 
É na suavidade da tardinha 
Um coração ardente palpitando... 

Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"

 

 

Alviães, Oliveira de Azemeis
Março de 2011
Jorge Soares

Cinzento

Cinzento

 

Cai chuva do céu cinzento
Que não tem razão de ser.
Até o meu pensamento
Tem chuva nele a escorrer.

Tenho uma grande tristeza
Acrescentada à que sinto.
Quero dizer-ma mas pesa
O quanto comigo minto.

Porque verdadeiramente
Não sei se estou triste ou não.
E a chuva cai levemente
(Porque Verlaine consente)
Dentro do meu coração.

 

Fernando Pessoa

 

Parque das nações, Lisboa

Janeiro de 2011

Jorge Soares

Não colecciones dejectos o teu destino és tu

Sobre o caminho.. nada

 

Sobre o Caminho

 

Nada 

nem o branco fogo do trigo 
nem as agulhas cravadas na pupila dos pássaros 
te dirão a palavra 

Não interrogues não perguntes 
entre a razão e a turbulência da neve 
não há diferença 

Não colecciones dejectos o teu destino és tu 

Despe-te 
não há outro caminho 

Eugénio de Andrade, in "Véspera da Água"

 

Parque das Nações, Lisboa

Janeiro de 2011

Jorge Soares

O Resto do Mundo

O resto do Mundo

 

 

Eu queria morar numa favela
Eu queria morar numa favela
Eu queria morar numa favela
O meu sonho é morar numa favela
Eu me chamo de excluido como alguém me chamou
Mas pode me chamar do que quiser seu dotô
Eu num tenho nome
Eu num tenho identidade
Eu num tenho nem certeza se eu sou gente de verdade
Eu num tenho nada 
Mas gostaria de ter
Aproveita seu dotô e dá um trocado pra eu comer...
Eu gostaria de ter um pingo de orgulho
Mas isso é impossivel pra quem come o entulho
Misturado com os ratos e com as baratas
E com o papel higiênico usado
Nas latas de lixo
Eu vivo como um bicho ou pior que isso

Eu sou o resto
O resto do mundo
Eu sou mendigo um indigente um indigesto um vagabundo
Eu sou... Eu num sou ninguém

Eu tô com fome
Tenho que me alimentar
Eu posso num ter nome mas o estômago tá lá
Por isso eu tenho que ser cara-de-pau
Ou eu peço dinheiro ou fico aqui passando mal
Tenho que me rebaixar a esse ponto porque a necessidade é maior do que a moral
Eu sou sujo eu sou feio eu sou anti-social
Eu num posso aparecer na foto do cartão postal
Porque pro rico e pro turista eu sou poluição
Sei que sou um brasileiro 
Mas eu não sou cidadão
Eu não tenho dignidade ou um teto pra morar
E o meu banheiro é a rua
E sem papel pra me limpar
Honra? 
Não tenho
Eu já nasci sem ela
E o meu sonho é morar numa favela
Eu queria morar numa favela
Eu queria morar numa favela
Eu queria morar numa favela
O meu sonho é morar numa favela
A minha vida é um pesadelo e eu não consigo acordar
E eu não tenho perspectivas de sair do lugar
A minha sina é suportar viver abaixo do chão
E ser um resto solitário esquecido na multidão

Eu sou o resto
O resto do mundo
Eu sou mendigo um indigente um indigesto um vagabundo
Eu sou o resto do mundo
Eu num sou ninguém
Eu num sou nada
Eu num sou gente
Eu sou o resto do mundo
u sou mendigo um indigente um indigesto um vagabundo
Eu sou o resto
Eu num sou ninguém

Frustração
É o resumo do meu ser
Eu sou filho da miséria e o meu castigo é viver
Eu vejo gente nascendo com a vida ganha e eu não tenho uma chance
Deus! Me diga por quê?
Eu sei que a maioria do Brasil é pobre
Mas eu num chego a ser pobre eu sou podre!
Um fracassado
Mas não fui eu que fracassei
Porque eu num pude tentar
Então que culpa eu terei
Quando eu me revoltar quebrar, queimar, matar
Não tenho nada a perder
Meu dia vai chegar
Será que vai chegar?
Mas por enquanto

Eu sou o resto
O resto do mundo
Eu sou mendigo um indigente um indigesto um vagabundo
Eu sou o resto do mundo
Eu num sou ninguém
Eu num sou nada
Eu num sou gente
Eu sou o resto do mundo
Eu sou mendigo um indigente um indigesto um vagabundo
Eu sou o resto
Eu num sou ninguém

Eu num sou registrado
Eu num sou batizado
Eu num sou civilizado
Eu num sou filho do Senhor
Eu num sou computado
Eu num sou consultado
Eu num sou vacinado
Contribuinte eu num sou
Eu num sou comemorado
Eu num sou considerado
Eu num sou empregado
Eu num sou consumidor
Eu num sou amado 
Eu num sou respeitado
Eu num sou perdoado
E também sou pecador
Eu num sou representado por ninguém
Eu num sou apresentado pra ninguém
Eu num sou convidado de ninguém
E eu num posso ser visitado por ninguém
Além da minha triste sobrevivência eu tento entender a razão da minha existência
Por quê que eu nasci?
Por quê tô aqui?
Um penetra no inferno sem lugar pra fugir
Vivo na solidão mas não tenho privacidade
E não conheço a sensação de ter um lar de verdade
Eu sei que eu não tenho ninguém pra dividir o barraco comigo
Mas eu queria morar numa favela amigo

 

Gabriel o Pensador

Setúbal

Dezembro de 2009

Jorge Soares

Roselha grande

Roselha-grande ,  Cistus albidus l.

 

Roselha grande - Cistus albidus  (L.)

 

DESCRIÇÃO: arbusto erecto de 3 a 17 dm, vestido de tomento esbranquiçado; flores terminais, uma a cinco, pedunculadas, rosadas, grandes (até 6 cm de diâmetro); folhas ovadas ou lanceoladas, semi-amplexicaules; cálice com 5 sépalas

HABITAT: charnecas, colinas

FLORAÇÃO:  Abril a Junho

 

Eu juro que tirei as fotografias em Fevereiro.. apesar de ali dizer Floração Abril a Junho.

 

Obrigado Alice.

 

Jorge Soares

 

Flores da Arrábida

Flores

Flores da Arrábida

Flores da Arrábida

Flores da Arrábida

 

Mais ou menos por esta altura os recantos à volta dos campos e as bermas de algumas estradas no sopé da serra da Arrábida enchem-se destas flores, estas foram as primeiras que vi este ano, foi no Portinho da Arrábida a uns metros do mar.. a luz do fim de tarde não deu para mostrar toda a sua beleza....

 

Há uns dois anos que ando à procura do seu nome... alguém sabe?

 

Portinho da Arrábida, Setúbal

Fevereiro de 2011

Jorge Soares

Como pequena flor ....

Uma flor amarela

 

Como pequena flor que recebeu uma chuva enorme
E se esforça por sustentar o oscilante cristal das gotas
Na seda frágil, e preservar o perfume que aí dorme

 

E vê passarem as leves borboletas livremente
E ouve cantarem os pássaros acordados sem angústia
E o sol claro do dia às claras estátuas beijando sente

 

E espera que se desprenda o excessivo, úmido orvalho
Pousado, trêmulo, e sabe que talvez o vento
A libertasse, porém a desprenderia do galho

 

E nesse temor e esperança aguarda o mistério transida
- Assim repleto de acasos e todo coberto de lágrimas
Há um coração nas lânguidas tardes que envolvem a vida

 

Cecilia Meireles

 

Setúbal, Fevereiro de 2011

Jorge So

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