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Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

Coisa Amar

Coisa Amar

 

Coisa Amar

 

Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.

Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.

Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como doi

desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.

 

Manuel Alegre

 

Setúbal, Junho de 2011

Jorge Soares

Serão sinónimos?

Correio ou cartas, perspectivas

 

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


Álvaro de Campos, 21/10/1935

 

Algures na Baixa de Setúbal, há quem recena cartas e quem receba correio...

Setúbal, Maio de 2010

Jorge Soares

Igreja de São Miguel, Penela

 

Igreja de São Miguel, Penela

Igreja de São Miguel, Penela

Igreja de São Miguel, Penela

Igreja de São Miguel, Penela 

 

Igreja de S. Miguel

Já o foral dado por D. Afonso Henriques em 1137 menciona uma igreja no interior da fortaleza, mas deste primitivo templo românico nada é visível uma vez que este foi alvo de sucessivas reformas.

 

Entre as mais importantes contam-se a reedificação de 1420, ordenada por D. Pedro, duque de Coimbra, grande devoto do Arcanjo S. Miguel; e a reforma da 2ª metade do séc. XVI, que conferiu ao interior da igreja o aspecto geral que ainda hoje ostenta - traça basilical de três naves. Estas são divididas em quatro tramos por duas arcadas de colunas de capitéis renascentistas e base octogonal.

 

Na capela-mor emoldurada por um arco triunfal e revestida de talha dourada, são de salientar os painéis laterais com pinturas representando S.Miguel com a típica agitação barroca patente nas vestes.

 

Na nave, que comporta retábulos de talha dourada dos sécs. XVII-XVIII já repintados, duas esculturas merecem atenção: a Virgem com o Menino atribuída ao escultor renascentista João de Ruão (séc. XVI) e uma Santa Ana do séc. XIV.

Na escada de acesso ao adro da igreja são visíveis dois medalhões rectangulares com bustos masculinos do séc. XVI, certamente provenientes das pilastras do arco da capela-mor.

 

O actual aspecto exterior é decorrente da intervenção de cerca de 1950, altura em que a torre foi acrescentada para a colocação do relógio, retirado de uma das torres defensivas.

 

Na sacristia encontra-se a tela retirada do altar-mor representando S. 

 

Fonte Penela 

 

Junho de 2011

Jorge Soares

 

 

Experiências a Preto e Branco

Experiências a Preto e Branco

 

Continuo sem um tripé, um destes dias fomos tomar café à beira rio no Parque Urbano de Albarquel, eu fui a pé com o N., as miúdas cá de casa ficaram a arrumar a cozinha e depois foram lá ter de carro (escusam de pensar mal, normalmente quem arruma são os miúdos). Como sempre quando vou andar a pé levei a mochila com a máquina. Lá chegados era noite cerrada... decidi experimentar o preto e branco da máquina, sim, a maioria das reflex digital tem uma opção para tirar directamente a preto e branco.

 

Exceptuando os dois empregados, o café estava por nossa conta, pelo que deu para experimentar... e para perceber que mesmo a preto e branco, o tripé, ou um bom flash.. ou ambos, continua a ser necessário.

 

Esta foi sem flash, com a máquina na mão, em manual, com velocidade 1/3 seg. e Iso 100... mesmo assim está nítida... fala muito bem da minha firmeza de mãos ... bom, também significa que os milagres existem.

 

O que vemos na fotografia é o estranho objecto que segura as luzes do café ...  ficou giro.... bom, pelo menos eu gosto. 

 

Parque Urbano de Albarquel, Setúbal

Julho de 2011

Jorge Soares

Todas as portas

Portas para o passado

 

TODAS AS PORTAS

Há os vãos,
Os alçapões pesados
Dos desvãos
Há os trincos,
As fechaduras
Os degredos,
Os segredos,
Há de haver...

Há um vento que surrupia
Os chãos
Ao entrarem em oressas
Às madeiras frias...

Há correntes que
Formam retas,
Erguem-se tortas
Em curvas avessas
À direção inversa da janela...

Há a pressa
De antever
O que interessa....
Que a porta balança,
Range as dobras
E logo se fecha
(Coragem de querer saber,
Há de haver...)

Há a falta de luz
E a fraca luz amarela
Que conduz
À sensação do derredor...

Há o fitar exangue,
A visão entregue
Daquele que pouco vê
E enxerga a negra cor
(Vê bem o que não vê
E crê no que pode...)

Há a porta fechada,
Lacrada
De possíveis
Impossibilidades...

Há um queixo torto
No desleixo 
D’uma brecha entreaberta,
Displicente, quase entregue
À visão indisposta
Do que acontece porta afora...

Há os corpos
Muitos corpos
De carnes bem-dispostas...
Há os atos impostos
Por detrás
Das vidas decompostas
Ao longo das portas...

Toma-me o vai-e-vem
Dessas costas arcadas...
Há, sim, alegria,
E há, pois não, o desdém
Do atravessar dos batentes...

Ouço murros:
Uma porta batida
D'outro lado, ninguém...
(Uma outra bate também...)

Percebo raivas, mágoas
Fendendo portas recentes
Fincando-se nos batentes,
Nos horizontes das soleiras...
Saraivadas de emoções minhas,
Represadas, aos montes...

Há a porta de ontem
De aquém
E aquela de
Além de além-nada
Essa está estancada
Com há de ser
Esperando o tempo
Enferrujá-la...

Há de abrir-se,
Por fim, uma porta festejada...
Descoberta do suor
Do meu transpor
De tantas e tantas portas...

Essa... mais do que tudo,
Mais do que nada
Ah, mesmo por ser arrombada,
Essa porta há de haver...


Gê Muniz 

 

Algures na baixa de Setúbal

Junho de 2011

Jorge Soares

 

 

Aquele que olha de fora através de uma janela aberta ....

Janelas da minha cidade

 

As Janelas

Aquele que olha de fora através de uma janela aberta, não vê nunca tantas coisas quanto aquele que olha uma janela fechada. Não há objeto mais profundo, mais misterioso, mais fecundo, mais tenebroso, mais radiante do que uma janela iluminada por uma candeia. O que se pode ver à luz do sol é sempre menos interessante do que o que se passa por detrás de uma vidraça.Neste buraco negro ou luminoso vive a vida, sonha a vida, sofre a vida.

Para além do ondular dos telhados, avisto uma mulher madura, já com rugas, pobre, sempre debruçada sobre alguma coisa, e que nunca sai. Com seu rosto, com sua roupa, com seu gesto, com quase nada, refiz a história desta mulher, ou melhor, sua lenda e, por vezes, a conto a mim mesmo chorando.

Houvesse sido um pobre velho homem, teria refeito a sua com igual facilidade.

E me deito, feliz por ter vivido e sofrido em outros que não eu mesmo.

Vocês talvez me digam: "Tem certeza de que esta lenda é a verdadeira?" Que importa o que possa ser a realidade situada fora de mim, se ela me ajudou a viver, a sentir que sou e o que sou?

 

Charles Baudelaire

 

Uma Janela da minha Cidade

Setúbal, Maio de 2011

Jorge Soares

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