Borboleta
É triste pensar que a natureza fala e que o género humano não a ouve.
Victor Hugo
Algures nas Astúrias
Agosto de 2012
Jorge Soares
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É triste pensar que a natureza fala e que o género humano não a ouve.
Victor Hugo
Algures nas Astúrias
Agosto de 2012
Jorge Soares
Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.
Pablo Neruda
Uma folha de plátano num banco de jardim
Setúbal, Outubro de 2012
Jorge Soares
Por Todos os Caminhos do Mundo
A minha poesia é assim como uma vida que vagueia
pelo mundo,
por todos os caminhos do mundo,
desencontrados como os ponteiros de um relógio velho,
que ora tem um mar de espuma, calmo, como o luar
num jardim nocturno,
ora um deserto que o simum veio modificar,
ora a miragem de se estar perto do oásis,
ora os pés cansados, sem forças para além.
Que ninguém me peça esse andar certo de quem sabe
o rumo e a hora de o atingir,
a tranquilidade de quem tem na mão o profetizado
de que a tempestade não lhe abalará o palácio,
a doçura de quem nada tem a regatear,
o clamor dos que nasceram com o sangue a crepitar.
Na minha vida nem sempre a bússola se atrai ao mesmo
norte.
Que ninguém me peça nada. Nada.
Deixai-me com o meu dia que nem sempre é dia,
com a minha noite que nem sempre é noite
como a alma quer.
Não sei caminhos de cor.
Fernando Namora, in 'Mar de Sargaços'
Mérida, Agosto de 2010
Jorge Soares
Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!
Mário Quintana
Setúbal, Outubro de 2012
Jorge Soares
A pálida luz da manhã de inverno
A pálida luz da manhã de inverno,
O cais e a razão
Não dão mais esperança, nem menos esperança sequer,
Ao meu coração.
O que tem que ser
Será, quer eu queira que seja ou que não.
No rumor do cais, no bulício do rio
Na rua a acordar
Não há mais sossego, nem menos sossego sequer,
Para o meu 'sperar.
O que tem que não ser
Algures será, se o pensei; tudo mais é sonhar.
Fernando Pessoa
Ando preguiçoso, nos últimos dois meses a máquina não saiu do aconchego da sua mochila uma única vez.. e já me faltam as imagens do inverno para colocar aqui... o que vale é que há sempre os outros invernos.
As últimas folhas num castanheiro
Póvoa Dão, Viseu.
Dezembro de 2012
Jorge Soares
ÚLTIMO POEMA DO MARINHEIRO
O marinheiro encontrou o seu caminho no mar.
Mas uma noite, de repente,
o mar foi vazando, vazando,
até que secou completamente.
Seu barco, solitário
sobre o fundo do abismo,
torna-se uma coisa grotesca e sem sentido.
Estrangeiro entre os homens da terra,
caminha o marinheiro por estradas inúteis,
levando nos olhos um mistério verde
e na boca o amargor de tanto sal.
Contudo, nas noites de muito vento,
debruça-se na murada do tempo
e, enquanto espera o retorno do mar,
inaugura caminhos de cinza e de nada.
Thiago de Mello
Nas margens do Sado
Setúbal, Outubro de 2012
Jorge Soares
O primeiro beijo
Recebi o teu bilhete
Para ir ter ao jardim
A tua caixa de segredos
Queres abri-la para mim
E tu não vais fraquejar
Ninguém vai saber de nada
Juro não me vou gabar
A minha boca é sagrada
De estar mesmo atrás de ti
Ver-te da minha carteira
Sei de cor o teu cabelo
Sei o shampoo a que cheira
Já não como já não durmo
E eu caia se te minto
Haverá gente informada
Se é amor isto que eu sinto
Quero o meu primeiro beijo
Não quero ficar impune
E dizer-te cara a cara
Muito mais é o que nos une
Que aquilo que nos separa
Promete lá outro encontro
Foi tão fugaz que nem deu
Para ver como era o fogo
Que a tua boca prometeu
Pensava que a tua lingua
Sabia a flor do jasmim
Sabe a chiclete de mentol
E eu gosto dela assim
Quero o meu primeiro beijo
Não quero ficar impune
E dizer-te cara a cara
Muito mais é o que nos une
Que aquilo que nos separa
Rui Veloso
Ouvir aqui
Parque Urbano de Albarquel
Setúbal, Outubro de 2012
Jorge Soares
..... todos temos um pouco
Eles eram 3, a mais pequena andava por ali e imagino que o papagaio fosse seu, mas não me recordo de a ver pegar na corda, vi sim uma mãe muito divertida talvez a reviver momentos de outros tempos, ser criança é a coisa mais bonita que existe... e voltar a ser criança nem que seja por breves momentos é sempre uma enorme alegria.
Parque Urbano de Albarquel
Setúbal
Outubro de 2012
Jorge Soares
PS: Eu sei a focagem não era bem a que ficou... mas adoro esta fotografia na mesma
Apenas em águas tranquilas as coisas se refletem sem distorção. Apenas uma mente tranquila terá a percepção adequada do mundo.
Hans Margolius
Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos como animais envelhecidos;
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos:
como frutos de sombra sem sabor
vamos caindo ao chão apodrecidos.
Eugénio de Andrade
Jorge Soares
Abril de 2012