Fora de tempo... há tesouros no Inverno
Fora de tempo pôs-se o sol
e a lua fora de tempo também
fora de tempo nasceram dois
filhos da mesma mãe
Fora de tempo brotaram da terra
flores e espinhos também
fora de tempo ficaram longe
mais longe do que convém
Fora de tempo o que era quente
gelou até matar tudo
se um cantava no silêncio
fora de tempo ouviu-se um grito mudo
O tempo também se engana
nas casas onde mora
o mau tempo que faz dentro
nem sempre é tão bom de fora
Fora de tempo o que era água
teimou em ser areal
fora de tempo já se notava
que um vê bem e o outro mal
Fora de tempo tudo voltou
ao tempo que era atrás
e dentro do tempo um partiu mais cedo
e o outro ficou para amar
Luis Represas
Sabemos que estamos a ter um inverno atípico quando a meio de Dezembro vamos ao Jardim e por entre as ervas daninhas encontramos uma papoila vermelha e bem viçosa.
Jardim da Algodeia, Setúbal
Dezembro de 2009
Jorge Soares