Afinal não havia um pessegueiro na ilha
A ilha do Pessegueiro, ao largo de Porto Covo, a cerca de 250 metros da actual linha de costa, é um dos ex-libris da Costa Sudoeste. A ilha, naviforme, tem cerca de 340 metros de comprimento e uma largura máxima de 235 metros. É toda ela de arenito dunar assente sobre xistos e deve ter-se formado durante a última glaciação (Wurmiana) quando o nível do mar desceu cerca de 120 metros em relação ao nível actual.
A Ilha do Pessegueiro conserva numerosos testemunhos arqueológicos que reflectem as vicissitudes da navegação ao longo da costa meridional da Lusitânia, entre os séculos IV / III antes de Cristo e o século V depois de Cristo. Também o malogrado projecto de criação de um porto artificial concebido no final do século XVI deixou suas marcas na ilha.
O canal que a separa do continente representou um dos principais factores de ocupação humana, visto oferecer excelentes condições naturais de fundeadouro. A localização, a meia distancia entre o Cabo de São Vicente e o estuário do Sado, no contexto de um litoral com poucos abrigos, conferiu ao estabelecimento ai fundado, primeiro na Idade do Ferro e, mais tarde, na época Romana, um carácter marcadamente portuário, de apoio á navegação costeira e com características de entreposto comercial. Nesta época, a ilha foi um centro produtor de preparados de peixe.
Deste período, para lá dos vestígios dos tanques de salga (recentemente postos a descoberto), terá subsistido o nome "Pessegueiro" (do termo latino "piscatorius" ou "piscarium")
Fonte: Porto Covo
Fotografia tirada desde a Praia da Ilha, Porto Covo
Alentejo
Maio de 2010
Jorge Soares