... uma Vida que não Quero nem Amo
Vivo uma Vida que não Quero nem Amo
Súbdito inútil de astros dominantes,
Passageiros como eu, vivo uma vida
Que não quero nem amo,
Minha porque sou ela,
No ergástulo de ser quem sou, contudo,
De em mim pensar me livro, olhando no alto
Os astros que dominam
Submissos de os ver brilhar.
Vastidão vã que finge de infinito
(Como se o infinito se pudesse ver!) —
Dá-me ela a liberdade?
Como, se ela a não tem?
Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Leopardo no jardim Zoológico de Lisboa
Outubro de 2010
Jorge Soares
5 de Out de 2010, Câmara: SONY DSLR-A350,ISO: 100, Exp: 1/400 seg. Abert.: 8.0, Ext. focal: 55mm, Flash: Não