Não tenho deuses. Vivo
Princípio
Não tenho deuses. Vivo
Desamparado.
Sonhei deuses outrora,
Mas acordei.
Agora
Os acúleos são versos,
E tacteiam apenas
A ilusão de um suporte.
Mas a inércia da morte,
O descanso da vide na ramada
A contar primaveras uma a uma,
Também me não diz nada.
A paz possível é não ter nenhuma.
Miguel Torga, in 'Penas do Purgatório
Ao longo do rio Tibre há plátanos, árvores enormes que no verão devem encher as margens de sombra refrescante. Nesta altura estavam a preparar as roupagens de inverno e por todos os lados havia folhas caídas, esta aterrou bem à minha frente em cima de um dos muros da ponte Fabricio.
Roma, Dezembro de 2010
Jorge Soares