Estátua
O rio corria na fúria da ilusão. E eu sentei-me a vê-lo secar. Sobrou a terra caída da profundeza do fogo. Com as minhas mãos sôfregas de água, agarrei pedaços de tudo. Moldei informes vontades no desarranjo do meu jeito. Modelei-te. Num talento desconhecido, gerei uma estátua de rara beleza para que não possas roubar-me o beijo faminto que demos à tardinha. Ali, quando imaginávamos o rio de olhos dados.
Janeiro de 2011
Jorge Soares