Narciso
Narciso
Dentro de mim me quis eu ver. Tremia,
Dobrado em dois sobre o meu próprio poço...
Ah, que terrível face e que arcabouço
Este meu corpo lânguido escondia!
Ó boca tumular, cerrada e fria,
Cujo silêncio esfíngico bem ouço!
Ó lindos olhos sôfregos, de moço,
Numa fronte a suar melancolia!
Assim me desejei nestas imagens.
Meus poemas requintados e selvagens,
O meu Desejo os sulca de vermelho:
Que eu vivo à espera dessa noite estranha,
Noite de amor em que me goze e tenha,
...Lá no fundo do poço em que me espelho!
José Régio, in 'Biografia'
Junto à enstrada da casa há um canteiro, já lá esteve uma ramada de uvas brancas, agora há flores, foi desse canteiro que colhi muitas das rosas que por aqui tem passado nos ultimos tempos, e os liros amarelos.. e muitas outras flores. A norte a Primavera vai-se anunciando, sobretudo nas árvores de fruto que se cobrem de flores, mas naquele canteiro do quintal da minha mãe, nesta altura só lá estavam os narcisos, de um amarelo forte... lindos.
Alviães, Oliveira de Azemeis
Março de 2011
Jorge Soares