Que música escutas tão atentamente ...
Que música escutas tão atentamente
que não dás por mim?
Que bosque, ou rio, ou mar?
Ou é dentro de ti
que tudo canta ainda?
Queria falar contigo,
dizer-te apenas que estou aqui,
mas tenho medo,
medo que toda a música cesse
e tu não possas mais olhar as rosas.
Medo de quebrar o fio
com que teces os dias sem memória.
Com que palavras
ou beijos ou lágrimas
se acordam os mortos sem os ferir,
sem os trazer a esta espuma negra
onde corpos e corpos se repetem,
parcimoniosamente, no meio de sombras?
Deixa-te estar assim,
ó cheia de doçura,
sentada, olhando as rosas,
e tão alheia
que nem dás por mim.
Eugénio de Andrade
Era um cercado com dois burros, gansos, patos... as ovelhas andavam à solta perto de ali... a D. queria ver os burros, num intervalo entre aguaceiros conseguimos chegar até lá, curiosamente não tenho nenhuma fotografia dos outros animais,.. mas estes pardais na cerca chamaram a minha atenção.
Parque de Campismo Zmar, Odemira, Alentejo
Abril de 2011
Jorge Soares