.... Pedras que escolhi Muitas que colhi .....
ÀS PEDRAS - EU RENUNCIO.
Sim, assombram-me
Pedras que escolhi
Muitas que colhi
E outras que guardei…
Sim, assombram-me
As que me pareciam frágeis...
As que se faziam delicadas…
Porque a todas, abriguei!
Sim, renuncio
À ganância, à arrogância
De se sentirem valiosas
Ou quiçá, preciosas?!...
Sim, renuncio
Pois das pedras que acolhi
Poucas são, as que reconheci
Como sendo essenciais.
E porque me estão a assombrar
Acabei de as renunciar
Querendo vê-las deslizar
Da palma da minha mão.
Se não se deixam polir
Se não as posso amaciar
Se servem só para amolar...
Fiquem pedras eternamente.
No empedrado da rua
Pisadas e repisadas
Amassadas com alcatrão
Se for essa a sua condição.
Terminando assim de uma vez
Com a minha assombração
Porque eu – renuncio!
Um enorme beijinho Flor.... as pedras são inertes, não sentem, vão e vem ao sabor da corrente ou das mãos que lhes pegam... vão para onde as largam... nós somos seres autónomos, é suposto mover-nos por nós e para nós.... há sempre um caminho... mesmo que na encruzilhada se escolha a direita quando era a esquerda.. há sempre a hipótese de voltar atrás..e seguir o atalho certo.
Mais uma das imagens do inverno... quando as nossas praias estão cheias de tesouros.
Praia do Creiro,
Setúbal, 1 de Janeiro de 2011
Jorge Soares