Janela da Alma
Janela da alma que
reflecte os cacos
da vida estilhaçada que temos.
O vidro partido
cortou a garganta num grito inaudível
quando te quis revelar
o que não desejaste ouvir.
Sangue escorreu do golpe
que na minha pele fizeste incidir
depois de quebrares
o frágil equilíbrio do esplendor
que foi por essa janela te descobrir.
Tanto tempo volvido
e ao observar-te agora
neste indiferente lugar
reparo que já não somos iguais!
O nosso fulgor se esbateu
e o amor se perdeu.
Eu tenho as cicatrizes
dos golpes que
no meu espírito habitam,
mas tu tens a derrota
da lenta destruição
em que te encontras agora.
Permanece a certeza
por essa janela
não me voltarei a deslumbrar,
mesmo que a vida se lembre
de se deter
para nos contemplar!…
Cristina Monteiro
Jardins de Monserrate
Sintra, Novembro de 2011
Jorge Soares