Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

A flor ...e a folha

Nenúfar nos jardins do Palácio de Monserrate, Sintra

 

A ideia era apanhar o interior da flor, fui fechando o diafragma até f9..  na altura nem reparei no que estava por baixo, tão concentrado que estava no nenúfar, devia ter reparado, porque o fecho do diafragma fez com que o fundo fosse ficando mais nítido e que a folha fosse tomando forma.... gostava de ter tirado uma com a flor e a folha completa....

 

Por certo, a flor estava naquela fonte com os peixes e a estátua que se vê na primeira fotografia do post anterior.

 

Jardins do Palácio de Monserrate, Sintra

Novembro de 2011

Jorge Soares

Outono 5

Outono

 

inverno não é ainda
mas outono
na sonata que bate 
no meu peito
poeta distraido
cão sem dono
até na propria cama em que me deito

inverno nao e ainda
mas outono
na sonata que bate no meu peito
acordar e a forma de ter sonho
o presente o preterito imprefeito
mesmo eu de mim proprio me abandono
se o rigor que me devo nao respeito
acordar e a forma de ter sono
o presente 
morro de pé 
morro de devagar
a vida é afinal o meu lugar
e só acaba quando eu quiser
ou me deixo ficar 
não pode ser

 

Letra: José Carlos Ary dos Santos
Música: Fernando Tordo

Quem gosta de fado pode ouvir cantado por Carlos do Carmo:

 

Uma folha de plátano presa no azevinho, Jardins do Palácio de Monserrate, Sintra
Novembro de 2011
Jorge Soares

Outono 4

Outono, Folhas de plátano

 

Aprovechemos el otoño
antes de que el invierno nos escombre
entremos a codazos en la franja del sol
y admiremos a los pájaros que emigran

 

ahora que calienta el corazón
aunque sea de a ratos y de a poco
pensemos y sintamos todavía
con el viejo cariño que nos queda

 

aprovechemos el otoño
antes de que el futuro se congele
y no haya sitio para la belleza
porque el futuro se nos vuelve escarcha

 

Mário Benedetti

 

O Outono nas folhas de Plátano

Outubro de 2011

Jorge Soares

Outono

Outono

 

Outono

 

Uma lâmina de ar

Atravessando as portas. Um arco,

Uma flecha cravada no outono. E a canção

Que fala das pessoas. Do rosto e dos lábios das pessoas.

E um velho marinheiro, grave, rangendo o cachimbo como

Uma amarra. À espera do mar. Esperando o silêncio.

É outono. Uma mulher de botas atravessa-me a tristeza

Quando saio para a rua, molhado, como um pássaro.

Vêm de muito longe as minhas palavras, quem sabe se

Da minha revolta última. Ou do teu nome que repito.

Hoje há soldados, eléctricos. Uma parede

Cumprimenta o sol. Procura-se viver.

Vive-se, de resto, em todas as ruas, nos bares e nos cinemas.

Há homens e mulheres que compram o jornal e amam-se

Como se, de repente, não houvesse mais nada senão

A imperiosa ordem de (se) amarem.

Há em mim uma ternura desmedida pelas palavras.

Não há palavras que descrevam a loucura, o medo, os sentidos.

Não há um nome para a tua ausência. Há um muro

Que os meus olhos derrubam. Um estranho vinho

Que a minha boca recusa. È outono.

A pouco a pouco despem-se as palavras.

Joaquim Pessoa

 

Jorge Soares

Novembro de 2010

A Primavera que se anuncia e o Outono que tarda em sair

Folha

 

Não foi no mesmo dia da fotografia das flores de pessegueiro do post anterior, mas podia ter sido, porque bem perto daquele pessegueiro havia um plátano onde ainda podíamos ver as últimas folhas do Outono anterior.. junto com os primeiros rebentos das novas que em breve voltarão a cobrir a árvore de verde. A natureza tarda em abandonar as suas vestes outonais e já se prepara para renascer...

 

Setúbal, Janeiro de 2011

Jorge Soares

Não tenho deuses. Vivo

A folha em Roma

 

Princípio

 

Não tenho deuses. Vivo 
Desamparado. 
Sonhei deuses outrora, 
Mas acordei. 
Agora 
Os acúleos são versos, 
E tacteiam apenas 
A ilusão de um suporte. 
Mas a inércia da morte, 
O descanso da vide na ramada 
A contar primaveras uma a uma, 
Também me não diz nada. 
A paz possível é não ter nenhuma. 

Miguel Torga, in 'Penas do Purgatório

 

Ao longo do rio Tibre há plátanos, árvores enormes que no verão devem encher as margens de sombra refrescante. Nesta altura estavam a preparar as roupagens de inverno e por todos os lados havia folhas caídas, esta aterrou bem à minha frente em cima de um dos muros da ponte Fabricio.

 

Roma, Dezembro de 2010

Jorge Soares

Acaso

Trevo de 3 folhas

 

No acaso da rua o acaso da rapariga loira. 
Mas não, não é aquela. 

A outra era noutra rua, noutra cidade, e eu era outro. 
Perco-me subitamente da visão imediata, 
Estou outra vez na outra cidade, na outra rua, 
E a outra rapariga passa. 

Que grande vantagem o recordar intransigentemente! 
Agora tenho pena de nunca mais ter visto a outra rapariga, 
E tenho pena de afinal nem sequer ter olhado para esta. 

Que grande vantagem trazer a alma virada do avesso! 
Ao menos escrevem-se versos. 
Escrevem-se versos, passa-se por doido, e depois por gênio, se calhar,
Se calhar, ou até sem calhar, 
Maravilha das celebridades! 

Ia eu dizendo que ao menos escrevem-se versos... 
Mas isto era a respeito de uma rapariga, 
De uma rapariga loira, 
Mas qual delas? 
Havia uma que vi há muito tempo numa outra cidade, 
Numa outra espécie de rua; 
E houve esta que vi há muito tempo numa outra cidade 
Numa outra espécie de rua; 
Por que todas as recordações são a mesma recordação, 
Tudo que foi é a mesma morte, 
Ontem, hoje, quem sabe se até amanhã? 

Um transeunte olha para mim com uma estranheza ocasional. 
Estaria eu a fazer versos em gestos e caretas? 
Pode ser... A rapariga loira? 
É a mesma afinal... 
Tudo é o mesmo afinal ... 

Só eu, de qualquer modo, não sou o mesmo, e isto é o mesmo também afinal. 

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

 

 

Trevo de 3 folhas.... ou será uma folha com 3 partes?
Novembro de 2010
Jorge Soares

Direitos de Autor
Nenhuma parte deste site pode ser reproduzida sem a prévia permissão do autor. Todas as fotografias estão protegidas pelo Decreto-Lei n.º 63/85, de 14 de Março.
Uma vez que a maioria das fotografias foram feitas em locais públicos mas sem autorização dos intervenientes, se por qualquer motivo não desejarem que sejam divulgadas neste blog entrem em contacto comigo e serão retiradas de imediato.

 

Mais sobre mim

imagem de perfil

Arquivo

  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2017
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2016
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2015
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2014
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2013
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2012
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2011
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2010
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2009
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2008
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D