O ciclista
foi assim...
bang!... um tiro soou na pista
a corrida começara.
rapidamente parti.
pedalei,
pedalei,
pedalei,
com força minha bicicleta
amarela e tão magrela,
tão diferente das outras,
das dos demais atletas,
uniformizados e garbosos,
e de pensar positivo; vitória,
ganhar,
ganhar,
ganhar.
e lá ia eu, pedalando.
feliz em participar
daquela corrida fantástica,
resistindo íngremes subidas,
solto nos terríveis declives,
e cansaço nas retas sem fim.
passei por caminhos sinuosos,
por cenários maviosos
que meu olhar nunca viu.
cada curva uma surpresa
de natureza verdejante.
vales, rios e montanhas,
viço em flores, aves, bichos,
beleza tal, de embriagar.
e lá iam os competidores
na reta final de chegada.
todos me ultrapassaram.
então desacelerei...
pedalei devagarzinho,
passeando,
passeando,
devagar, quase parando,
na minha magrela amarela,
até cruzar sob aplausos
num honroso ‘último lugar’,
a linha da qual partira.
a mesma que feliz cheguei,
das paisagens vividas.
valendo mais que medalha
‘o prêmio é esta poesia. ’
José Silveira
Jardim do Bonfim
Setúbal, Maio de 2012
Jorge Soares