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Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

A cor da rosa

Uma rosa em Hide Park

 

Alvejava de neve outrora a rosa,
Nem como agora, doce recendia;
Baixo voava Amor sem tento um dia,
E na rama espinhosa
De sua flor virgínea se feria.
Do sangue divina! gota amorosa
Da ligeira ferida lhe corria,
E as flores da roseira onde caía
Tomavam do encarnado a cor lustrosa.
Agora formosa
A rúbida flor
Recorda de Amor
A chaga ditosa.

Para os braços da mãe voou chorando;
Um beijo lhe acalmou penas e ardores:
E tão doce o remédio achou das dores,
Que Amor só desejou de quando em quando
Que assim penando,
Com seus clamores
Novos favores
Fosse alcançando.

Súbito voa, pelos ares fende;
As rosas viu de sua dor trajadas,
E que só de suas glórias namoradas
Nada dissessem com razão se ofende:
A mão lhe estende,
E delicioso
Cheiro amoroso
Nelas recende.

Vós que as rosas gentis buscais, amantes,
Nos jardins do prazer,
E, em vez da flor, espinhos penetrantes
Só chegais acolher,
Resignados sofrei, sede constantes,
Que a desventura,
Que a mágoa e dor
Sempre em doçura
Converte Amor.

Almeida Garret

 

Uma rosa em Hide Park

Londres, Agosto de 2011

Jorge Soares

Rosa pálida

Uma rosa

 

 

Rosa pálida, em meu seio 
Vem, querida, sem receio 
Esconder a aflita cor. 
Ai!, a minha pobre rosa! 
Cuida que é menos formosa 
Porque desbotou de amor. 

Pois sim... quando livre, ao vento, 
Solta de alma e pensamento, 
Forte de tua isenção, 
Tinhas na folha incendida 
O sangue, o calor e a vida 
Que ora tens no coração. 

Mas não eras, não, mais bela, 
Coitada, coitada dela, 
A minha rosa gentil! 
Coravam-na então desejos, 
Desmaiam-na agora os beijos... 
Vales mais mil vezes, mil. 

Inveja das outras flores! 
Inveja de quê, amores? 
Tu, que vieste dos Céus, 
Comparar tua beleza 
Às filhas da natureza! 
Rosa, não tentes a Deus. 

E vergonha!... de quê, vida? 
Vergonha de ser querida, 
Vergonha de ser feliz! 
Porquê?... porquê em teu semblante 
A pálida cor da amante 
A minha ventura diz? 

Pois, quando eras tão vermelha 
Não vinha zângão e abelha 
Em torno de ti zumbir? 
Não ouvias entre as flores 
Histórias dos mil amores 
Que não tinhas, repetir? 

Que hão-de eles dizer agora? 
Que pendente e de quem chora 
É o teu lânguido olhar? 
Que a tez fina e delicada 
Foi, de ser muito beijada, 
Que te veio a desbotar? 

Deixa-os: pálida ou corada, 
Ou isenta ou namorada, 
Que brilhe no prado flor, 
Que fulja no céu estrela, 
Ainda é ditosa e bela 
Se lhe dão só um amor. 

Ai!, deixa-os, e no meu seio 
Vem, querida, sem receio 
Vem a frente reclinar. 
Que pálida estás, que linda! 
Oh!, quanto mais te amo ainda 
Dês que te fiz desbotar. 

Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas'

 


Num dos meus passeios de fim de tarde de verão, algures numa avenida em Setúbal, uma rosa num quintal... linda!
 
Jorge Soares
 
Jul 2, 2009, Câmara: SONY , DSLR-A350,ISO: 400,Exposição: 1/200 seg.,Abertura: 5.0,Extensão focal: 160mm

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