A todos um bom natal, a todos um bom natal ...
Amigo,
Inventa o Pai-Natal e dá-lhe um recado que eu já não consigo correr. A maré subiu e o areal desfaz-se com o arrefecimento dos pés. Pede-lhe que me restitua a cozinha. Ele sabe qual é. Grande, quente e escancarada para a fogueira que estalava alegrias. Em caso de dúvida, fala-lhe da fonte que se dava na alegria da água. Todas as manhãs. Quero o aroma do café que aquecia a minha sede. Ele que não se esqueça de me devolver o gosto das filhós que pararam no alguidar de barro cobertas com o branco da urgência. E já agora, diz-lhe que não se retenha no pão. Não, aquele onde cabia a luz e o mel do dia. Por favor, ele que não se atreva a aparecer sem me trazer os rostos que ficaram para trás. A concertina e as mãos. As vozes que cantavam. E o candeeiro que está em cima da cómoda. À entrada. Ele sabe. Que venha, mas com o nevoeiro que doirava os meus sonhos de Natal.
Olha, amigo, acha-o depressa que amanhã o tempo já é outro. Nem sei se me consigo lembrar do tanto que me faz falta. Do muito, eu sei. Por vezes, esqueço-me. Só me lembro no dia seguinte e receio confundir as estrelas com a chuva. Chovia naquele dia. Chove agora, também. Quero os passos e os gestos que estão à entrada da cozinha. E os presentes que sobraram. Ele que tenha cuidado. Numa caixa estão uns sapatos de menina. Adormeceram junto à chaminé, na fé da ilusão.
Pede-lhe, meu amigo, que me devolva o Natal. E o rio. Ficou tudo arrecadado, basta embrulhar. Papel azul. Com um laço ainda mais azul.
Obrigada
Bom Natal
P.S. – Podes contar-lhe tudo o que te disse. Quero lá saber! Não posso aprovar que ele tenha ficado com os meus presentes. Depois, vem com a história do Natal…
O Texto é da Lídia, um enorme beijinho e os meus desejos do melhor natal do mundo para ti.
Para todos os amantes da fotografia, os meus desejos de um excelente natal, extensivos a todos os que passam por cá.
Jorge Soares