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Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

Inverno

Inverno na Serra da Estrela

 

Inverno

 

Já o Inverno, expremendo as cãs nevosas,
Geme, de horrendas nuvens carregado;
Luz o aéreo fuzil, e o mar inchado
Investe ao pólo em serras escumosas;

 

Ó benignas manhãs!, tardes saudosas,
Em que folga o pastor, medrando o gado,
Em que brincam no ervoso e fértil prado
Ninfas e Amores, Zéfiros e Rosas!

 

Voltai, retrocedei, formosos dias:
Ou antes vem, vem tu, doce beleza
Que noutros campos mil prazeres crias;

 

E ao ver-te sentirá minha alma acesa
Os perfumes, o encanto, as alegrias,
Da estação que remoça a natureza.

 

Bocage

 

Neve no Inverno da Serra da Estrela,

Dezembro de 2010

Jorge Soares

Por esta Solidão, que não Consente

Por esta solidão que não consente

 

Por esta solidão, que não consente 
Nem do sol, nem da lua a claridade, 
Ralado o peito pela saudade 
Dou mil gemidos a Marília ausente: 

De seus crimes a mancha inda recente 
Lava Amor, e triunfa da verdade; 
A beleza, apesar da falsidade, 
Me ocupa o coração, me ocupa a mente: 

Lembram-me aqueles olhos tentadores, 
Aquelas mãos, aquele riso, aquela 
Boca suave, que respira amores... 

Ah! Trazei-me, ilusões, a ingrata, a bela! 
Pintai-me vós, oh sonhos, entre as flores 
Suspirando outra vez nos braços dela! 

Bocage, in 'Rimas'

 

Os restos do Outono no inicio do Inverno no Jardim do Bonfim

Setúbal, Dezembro de 2010

Jorge Soares

19 de Dez de 2010, Câmara: SONY DSLR-A350, ISO: 100, Exp.: 1/80 seg., Abert.: 5.6, Ext.: 18mm, Flash: Não

No dia do Bocage: Retrato Próprio

Praça do Bocage à noite


Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste da facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno.

Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno:

Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades:

Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia em que se achou mais pachorrento.

Bocage


Praça do Bocage ao anoitecer
Setúbal, Julho de 2009
Jorge Soares

Eu me ausento de ti ....

Setúbal

 

Eu me ausento de ti, meu pátrio Sado, 
Mansa corrente deleitos, amena, 
Em cuja praia o nome de Filena 
Mil vezes tenho escrito, e mil beijado: 

Nunca mais me verás entre o meu gado 
Soprando a namorada e branda avena, 
A cujo som descias mais serena, 
Mais vagarosa para o mar salgado: 

Devo enfim manejar por lei da sorte 
Cajados não, mortíferos alfanges 
Nos campos do colérico Mavorte; 

E talvez entre impávidas falanges 
Testemunhas farei da minha morte 
Remotas margens, que humedece o Ganjes. 

Bocage, in 'Rimas' 

 

Setúbal, MArço de 2009

 

Jorge Soares

Mar 22, 2009, Câmara: SONY DSLR-A350, ISO: 200, Exposição: 1/15 seg., Abertura: 11.0, Extensão focal: 150mm

Delicada relação

Borboleta na flor de dente de leão 

 

Se é doce no recente, ameno Estio
Ver toucar-se a manhã de etéreas flores,
E, lambendoas areias e os verdores,
Mole e queixoso deslizar-seo rio;
 
Se é doce o inocente desafio
Ouvirem-seos voláteis amadores,
Seus versos modulando e seus ardores
Dentre os aromas de pomar sombrio;
 
Se é doce mares, céus ver anilados
Pela quadra gentil, de Amor querida,
Que esperta os corações, floreia os prados,
 
Mais doce é ver-te de meus ais vencida,
Dar-me teus brandos olhos desmaiados
Morte, morte de amor, melhor que a vida.
 
Bocage: Vida e Sexo
 
Setúbal, Fevereiro de 2009
Jorge Soares
Feb 24, 2009, Câmara: SONY , Modelo: DSLR-A350, ISO: 100, Exposição: 1/400 seg., Abertura: 5.6, Extensão focal: 200mm

Bocage

Praça do Bocage

 

 Magro, de olhos azuis, carão moreno, 

Bem servido de pés, meão na altura, 

Triste de facha, o mesmo de figura, 

Nariz alto no meio, e não pequeno; 

 

Incapaz de assistir num só terreno, 

Mais propenso ao furor do que à ternura, 

Bebendo em níveas mãos por taça escura 

De zelos infernais letal veneno; 

 

Devoto incensador de mil deidades 

(Digo, de moças mil) num só momento, 

E somente no altar amando os frades; 

 

Eis Bocage, em quem luz algum talento; 

Saíram dele mesmo estas verdades 

Num dia em que se achou mais pachorrento. 

 

Bocage, in 'Rimas'

 

Praça Du Bocage, Setúbal, Fevereiro de 2009

 

Feb 28, 2009, Câmara: SONY DSLR-A350,ISO: 100,Exposição: 1/80 seg.,Abertura: 9.0 Extensão focal: 18mm

Eu me ausento de ti, meu pátrio Sado

Eu me ausento de ti meu pátrio Sado- Bocage

 

Eu me ausento de ti, meu pátrio Sado, 

Mansa corrente deleitos, amena, 
Em cuja praia o nome de Filena 
Mil vezes tenho escrito, e mil beijado: 

Nunca mais me verás entre o meu gado 
Soprando a namorada e branda avena, 
A cujo som descias mais serena, 
Mais vagarosa para o mar salgado: 

Devo enfim manejar por lei da sorte 
Cajados não, mortíferos alfanges 
Nos campos do colérico Mavorte; 

E talvez entre impávidas falanges 
Testemunhas farei da minha morte 
Remotas margens, que humedece o Ganjes. 

Bocage, in 'Rimas'

 

Fotografia tirada na Baixa de Setúbal num fim de tarde de Abril de 2009

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