Céu
Não adianta olhar para o céu com muita fé e pouca luta.
Gabriel Pensador
Split, Croácia
Agosto de 2015
Jorge Soares
Câmara: SONY ILCA-77M2, ISO: 100, Exposição: 1/400 seg., Abertura: 10.0, Extensão focal: 28mm
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Não adianta olhar para o céu com muita fé e pouca luta.
Gabriel Pensador
Split, Croácia
Agosto de 2015
Jorge Soares
Câmara: SONY ILCA-77M2, ISO: 100, Exposição: 1/400 seg., Abertura: 10.0, Extensão focal: 28mm
Já não quero dicionários
consultados em vão.
Quero só a palavra
que nunca estará neles
nem se pode inventar.
Que resumiria o mundo
e o substituiria.
Mais sol do que o sol,
dentro da qual vivêssemos
todos em comunhão,
mudos,
saboreando-a.
Carlos Drummond de Andrade, in 'A Paixão Medida'
Fim de tarde desde o Castelo de São Felipe
Setúbal, Maio de 2012
Jorge Soares
Fim de tarde em Setúbal, Ho homem, o rio, o céu ...
Setúbal, Maio de 2012
Jorge Soares
Às vezes, em sonho triste
Nos meus desejos existe
Longinquamente um país
Onde ser feliz consiste
Apenas em ser feliz.
Vive-se como se nasce
Sem o querer nem saber.
Nessa ilusão de viver
O tempo morre e renasce
Sem que o sintamos correr.
O sentir e o desejar
São banidos dessa terra.
O amor não é amor
Nesse país por onde erra
Meu longínquo divagar.
Nem se sonha nem se vive:
É uma infância sem fim.
Parece que se revive
Tão suave é viver assim
Nesse impossível jardim.
Fernando Pessoa
Fim de tarde em Setúbal
Maio de 2012
Jorge Soares
Já que a felicidade não existe... Faço de cada instante da minha vida um momento feliz.
Eder Medeiros
Uma andorinha num fim de tarde em Setúbal
Maio de 2012
Jorge Soares
A pálida Luz da Manhã de Inverno
A pálida luz da manhã de inverno,
O cais e a razão
Não dão mais 'sperança, nem menos 'sperança sequer,
Ao meu coração.
O que tem que ser
Será, quer eu queira que seja ou que não.
No rumor do cais, no bulício do rio
Na rua a acordar
Não há mais sossego, nem menos sossego sequer,
Para o meu 'sperar.
O que tem que não ser
Algures será, se o pensei; tudo mais é sonhar.
Fernando Pessoa
Poesias inéditas
Chegou o inverno
O Sado e o céu em Setúbal
Jorge Soares
A Mais Bela Noite do Mundo
Hoje,
será o fim!
Hoje
nem este falso silêncio
dos meus gestos malogrados
debruçando-se
sobre os meus ombros nus
e esmagados!
Nem o luar, pano baço de cenário velho,
escutando
a minha prisão de viver
a lição que me ditavam:
- Menino! acende uma vela na tua vida,
que o sol, a luz e o ar
são perfumes de pecado.
Tem braços longos e tentadores – o dia!
- Menino! recolhe-te na sombra do meu regaço
que teus pés
são feitos de barro e cansaço!
(Era esta a voz do papão
pintado de belo
na máscara de papelão).
Eram inúteis e magoadas as noites da minha rua...
Noites de lua
que lembravam as grilhetas
da minha vida parada.
- Amanhã,
terás os mestres, as aulas, os amigos e os livros
e o espectáculo da morgue
morando durante dias
nos teus sentidos gorados.
Amanhã,
será o ultrapassar outra curva
no teu caminho destinado.
(Era esta a voz do papão
que acendia a vela, tinha regaço de sombra
e velava
as noites da minha rua e a minha vida
e pintava-se de belo
na máscara de papelão).
Hoje,
será o fim!
Hoje,
nem a sombra do que há-de vir,
nem os mestres, nem os amigos, nem os livros,
nem a fragilidade dos meus pés
feitos de barro e cansaço!
Todas as minhas revoltas domadas,
todos os meus gestos em meio
e as minhas palavras sufocadas
terão a sua hora de viver e amar!
Hoje,
nem o cadáver a sorrir na morgue,
nem as mãos que ficaram angustiosas,
arrepiadas
no seu medo de findar!
Hoje,
será a mais bela noite do mundo!
Fernando Namora, in 'Mar de Sargaços'
Se acham que tirar uma fotografia à noite sem tripé é dificil, tentem em cima de uma barcaça no rio. Esta foi à saída do barco em Setúbal, saí, olhei para o céu e não resisti, entre a ondulação do rio e as pessoas a sair do barco, a coisa não era lá muito estável... valeu que (ainda) tenho as mãos firmes.
O crepúsculo do cair da noite sobre Setúbal e a margem do Rio Sado
Outubro de 2011
Jorge Soares
Enquanto esperava pelo barco para voltar a casa depois de um passeio pelas praias de Troia, o sol já se tinha escondido atrás da serra da Arrábida, mas o céu dourado e o brilho das varandas do hotel chamaram a minha atenção.
Troia, Setúbal, Outubro de 2011
Jorge Soares
s
Pelo céu ás cavalitas,
escondi nos teus caracóis,
a estrela mais bonita, que eu ja vi
eu cresci com um encanto,
de ser caçador de sois,
eu ja corri tanto, tanto para ti
fui um príncipe encantado
montado nos teus joelhos,
um eterno enamorado, a valer
lancelot de algibeira,
mas segui os teus conselhos
para voltar à tua beira
e ser o que eu quiser
os teus olhos foram esperança
os meus olhos girassóis
fomos onde a vista alcança da nossa janela
já deixei de ser criança e tu dormes à lareira
ainda sinto a minha estrela nos teus caracóis
O sol numa destas tardes em Setúbal estava assim, o céu não era dos mais bonitos, mas o espectáculo era fantástico... apeteceu-me subir a serra e ir ver como seria a sua queda no mar.
Setúbal, Abril de 2011
Jorge Soares
Crepúsculo
Teus olhos, borboletas de oiro, ardentes
Batendo as asas leves, irisadas,
Poisam nos meus, suaves e cansadas
Como em dois lírios roxos e dolentes...
E os lírios fecham... Meu Amor, não sentes?
Minha boca tem rosas desmaiadas,
E as minhas pobres mãos são maceradas
Como vagas saudades de doentes...
O Silêncio abre as mãos... entorna rosas...
Andam no ar carícias vaporosas
Como pálidas sedas, arrastando...
E a tua boca rubra ao pé da minha
É na suavidade da tardinha
Um coração ardente palpitando...
Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"