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Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

A barca dos amantes

Barco no rio Sado

 

Ah, quanto eu queria navegar 

p´ra sempre a barca dos amantes 

onde o que eu sei deixei de ser 

onde ao que eu vou não ia dantes

 

Ah, quanto eu queria conseguir 

trazer a barca à madrugada 

e desfraldar o pano branco 

na que for terra, mais amada

 

E que em toda a parte 

o teu corpo 

seja o meu porta-estandarte 

plantado no seu mais fundo 

posso agitar-me no vento 

e mostrar a cor ao mundo

 

Ah, quanto eu queria navegar 

p´ra sempre a barca dos amantes 

onde o que eu vi me fez vogar 

de rumos meus a cais errantes

 

Ah, quanto eu queria me espraiar 

fazer a trança à calmaria 

avistar terra, e não saber 

se ainda o é, quando for dia

 

E que em toda a parte 

o teu corpo 

seja o meu porta-estandarte 

plantado no seu mais fundo 

posso agitar-me no vento 

e mostrar a cor ao mundo

 

Sérgio Godinho

 

Cais palafitico da Carrasqueira, 

Grandola, Setúbal

Junho de 2008

 

29 de Jun de 2008 Câmara: OLYMPUS FE-140,X-725, ISO: 80, Exposição: 1/200 seg., Abertura: 5.5, Extensão focal: 16.3mm, Flash utilizado: Não

 

Carrasqueira

Carrasqueira

 

A Carrasqueira é uma aldeia do Concelho de Alcácer do Sal e localiza-se na Reserva Natural do Estuário do Sado…um dos seus pontos de interesse é o seu Cais Palafítico e esta é a história que poucas pessoas conhecem e que teve início 30 anos atrás…

 

 

 

 

Os habitantes da aldeia da Carrasqueira dividem a labuta diária entre a faina do mar e o amanho da terra. A primeira pesca foi a apanha de amêijoas de cabeça (que eram vendidas a pessoas que se deslocavam à aldeia e aí as compravam). Nesses tempos não haviam balanças, pelo que eram utilizadas latas de meia arroba para servir de medida.

 

Depois as pessoas começaram a comprar ostras. Foi esta pesca que trouxe um grande desenvolvimento à Carrasqueira. Pelo que houve a necessidade de arranjar condições para acolher o crescente número de pescadores e respectivas embarcações.

 

E para que a pesca fosse possível, importava criar um acesso à água que não ficasse condicionado ao vai e vem das marés. É que, em situação de maré cheia a água atingia e às vezes galgava o “muro de maré” que defendia os terrenos agrícolas, para depois recuar na maré vazia algumas dezenas, senão centenas, de metros, entrepondo uma barreira de lodo entre a terra e a água.


Assim, escolhida que foi a melhor localização, no final de uma vala de drenagem dos terrenos agrícolas, dois pescadores lembraram-se de espetar uma estaca na borda do muro e puseram umas tábuas por cima para passarem. Os pescadores foram-se assim juntando dois a dois, constituiriam o seu bocado, espetavam mais estacas adiante do que estava e punham tábuas por cima, sendo que cada pescador atracava os barcos no seu lado. Este foi um processo evolutivo que prolongou o emaranhado de estacas e tábuas por centenas de metros.


Isto passou-se nos anos 50/60 e os pescadores eram poucos então. Reconhecendo no Estuário um manancial de riqueza tão próximo, as populações locais foram evoluindo no seu aproveitamento, abraçando cada vez mais a pesca como actividade mais lucrativa, mas sem abandonarem por completo a agricultura (a agricultura era a actividade dominante, enquanto a pesca inicialmente não era mais do que um complemento dos parcos rendimentos que a agricultura de latifúndio permitia aos trabalhadores)


E assim nasce o Cais Palafítico da Carrasqueira, que é hoje um dos locais mais visitados do concelho de Alcácer.

 

 

Retirado de: http://arquitectura.pt/forum/f54/cais-palaf-tico-da-carrasqueira-3723.html

 

Jorge

 

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