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Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

A palidez do dia é levemente dourada.

Gerês

 

A palidez do dia é levemente dourada.

O sol de Inverno faz luzir como orvalho as curvas

                Dos troncos de ramos secos.

                O frio leve treme.

 

Desterrado da pátria antiquíssima da minha

Crença, consolado só por pensar nos deuses,

                Aqueço-me trémulo

                A outro sol do que este.

 

O sol que havia sobre o Parténon e a Acrópole

0 que alumiava os passos lentos e graves

                De Aristóteles falando.

                Mas Epicuro melhor

 

Me fala, com a sua cariciosa voz terrestre

Tendo para os deuses uma atitude também de deus,

                Sereno e vendo a vida

                À distância a que está.

 

Ricardo Reis


Gerês

Novembro de 2010

Jorge Soares

O pranto da pedra

O Pranto da Pedra

 

Essa chuva, 
recorda-me o pranto da pedra
onde não há nada
que disfarce
a maciez do seu olfacto.

Ardósia salpicada
de lamentos
ébria de amor e mar revolto,

Faz-me lembrar
o odor da sua pele,
do lírio encharcado
em gotas de maresia salgada.

Essa chuva, 
recorda-me o pranto da pedra

 

Lagoa Azul 

 

Mata de Albergaria, Parque nacional da Peneda Gerês

Novembro de 2010

Jorge Soares

 

 

Arte de viver

Arte de viver

 

Saber viver é uma arte.

“Arte de viver”

Com deuses dou-me bem
Não convém hostilizá-los
E com demónios também
Nunca foi bom ignorá-los

Usando esta minha política
Os lucros foram estupendos
E com esta relação prática
Tenho extraído dividendos

Somos mestres da influência
Saber viver não é uma ciência
Até ao céu subimos de balão

Para aos anjos limpar as asas
Pr’a manter quentes as brasas
Ao inferno fornecemos carvão.

 

Anónimo

 

Há alguém que me deixa estes poemas no O que é o jantar, todos os dias, às vezes mais que um, raramente tem a ver com o tema do post, muitas vezes tem a ver com algo que ocorreu no país durante o dia, ou com a crise, o FMI, os partidos. Comecei por achar estranho, por me irritar, depois decidi simplesmente aceitar, admiro a capacidade desta pessoa de criar versos, talvez porque já houve uma época na minha vida em que tinha essa facilidade, ... há habilidades que não devíamos perder....

 

Gostei deste poema, de uma forma ou outra todos temos uma "arte de viver".... de uma forma ou outra todos nos deixamos levar por ela, pode-nos levar ao céu ou ao inferno... muitas vezes o céu de uns será o inferno de outros... a vida não é feita de linhas rectas nem de lugares comuns... e cada um traça os seus objectivos e escreve o seu destino ....  há quem viva e quem simplesmente se deixe levar.....

 

Imagino que cada um de nós escolheria uma imagem diferente para ilustrar estes versos, curiosamente o primeiro que pensei foi em algo com cores quentes... algo como o Inferno do Gerês.. no caminho parei nesta imagem de uma cascata com efeito de névoas.... as névoas da vida.

 

Gerês, Novembro de 2011

Jorge Soares

 

Na casa defronte de mim e dos meus sonhos,

Casa na Vila do Gerês

 

Na casa defronte de mim e dos meus sonhos, 
Que felicidade há sempre! 

Moram ali pessoas que desconheço, que já vi mas não vi. 
São felizes, porque não sou eu. 

As crianças, que brincam às sacadas altas, 
Vivem entre vasos de flores, 
Sem dúvida, eternamente. 

As vozes, que sobem do interior do doméstico, 
Cantam sempre, sem dúvida. 
Sim, devem cantar. 

Quando há festa cá fora, há festa lá dentro. 
Assim tem que ser onde tudo se ajusta — 
O homem à Natureza, porque a cidade é Natureza. 

Que grande felicidade não ser eu! 

Mas os outros não sentirão assim também? 
Quais outros? Não há outros. 
O que os outros sentem é uma casa com a janela fechada, 
Ou, quando se abre, 
É para as crianças brincarem na varanda de grades, 
Entre os vasos de flores que nunca vi quais eram. 
Os outros nunca sentem. 

Quem sente somos nós, 
Sim, todos nós, 
Até eu, que neste momento já não estou sentindo nada. 

Nada! Não sei... 
Um nada que dói... 

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

 

 

Tenho uma amiga que diz que com chuva as cores ficam mais vivas, a julgar por esta fotografia que mostra um pedacinho do Outono no nosso país, ela tem razão.

 

Outono na Vila do Gerês

Novembro de 2010

As águas correm, cheias de memórias

Cascata no Gerês

 

As águas correm, cheias de memórias

Passado perdido de lutas inglórias

Que o Fado há muito abandonou

Meu legado de esperança

Reside na etérea mudança

De um momento que passou...

 

 

Destino desfigurado

Templo marginalizado

De mentiras e ilusões

Procuro salvo resguardo

Nas malhas de um tempo minado

Por tristes recordações...

 

 

Sou um rio de águas paradas

Apelo, em vão, pelo mar

Prisioneiro destas margens

Pelas eternas paragens

Que adornam meu sonhar

Corro, sem nunca chegar...

 

 

In-perfeita

 

Parque nacional da Peneda Gerês

Novembro de 2010

Jorge Soares

Há mais cores no Outono ...

Há mais cores no Outono

 

Pintura

 

Onde se diz espiga 
leia-se narciso. 
Ou leia-se jacinto. 
Ou leia-se outra flor. 
Que pode ser a mesma. 

As flores 
são formas 
de que a pintura se serve 
para disfarçar 
a natureza. Por isso 
é que 
no perfil 
duma flor 
está também pintado 
o seu perfume. 

Albano Martins, in "Castália e Outros Poemas"

 

.. basta olhar..elas estão lá e formam sempre quadros únicos.

 

Flores silvestres do Outono no Gerês.

Novembro de 2010

Jorge Soares

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