Praia do Malhão - O chapéu de sol amarelo
No último dia do Verão de 2012
Praia do Malhão, Vila Nova de Milfontes, Alentejo
Setembro de 2012
Jorge Soares
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No último dia do Verão de 2012
Praia do Malhão, Vila Nova de Milfontes, Alentejo
Setembro de 2012
Jorge Soares
Houve um tempo em que minha janela
se abria sobre uma cidade que parecia
ser feita de giz. Perto da janela havia um
pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra
esfarelada, e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre
com um balde e, em silêncio, ia atirando
com a mão umas gotas de água sobre
as plantas. Não era uma rega: era uma
espécie de aspersão ritual, para que o
jardim não morresse. E eu olhava para
as plantas, para o homem, para as gotas
de água que caíam de seus dedos
magros e meu coração ficava
completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o
jasmineiro em flor. Outras vezes
encontro nuvens espessas. Avisto
crinças que vão para a escola. Pardais
que pulam pelo muro. Gatos que abrem
e fecham os olhos, sonhando com
pardais. Borboletas brancas, duas a
duas, como refelectidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem
personagens de Lope de Vega. Às
vezes um galo canta. Às vezes um
avião passa. Tudo está certo, no seu
lugar, cumprindo o seu destino. E eu me
sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas
felicidades certas, que estão diante de
cada janela, uns dizem que essas coisas
não existem, outros que só existem
diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a
olhar, para poder vê-las assim.
Cecília Meireles
Janela em Vila Nova de Milfontes
Junho de 2009
Jorge Soares
Praia do Malhão, Vila Nova de Milfontes, Odemira
Julho de 2009
Nas Dunas da Praia do Malhão, Vila Nova de Milfontes, Odemira
Junho de 2009
Jorge Soares
Sob o Signo da Água O elemento líquido tem estado presente ao longo da história local e reflectiu-se na toponímia. O próprio nome de Milfontes (mil + fontes) indica a existência de uma terra de águas abundantes. Mil, neste caso, não significa um numeral preciso, mas um número grande e indeterminado, como é vulgar na língua portuguesa. Fontes, por seu lado, relaciona-se com "nascentes de água". Portanto, terra de muitas águas – em resultado da constituição geológica do sítio onde nasceu. Hoje, essa realidade está algo alterada, fruto da acção humana recente. O nome, de contornos poéticos, foi durante muito tempo alvo da implicância de detractores. Diziam-no uma mentira, pois não existiam mil fontes. Um viajante inglês, que por aqui passou em 1801, escreveu, sarcástico, que "the new town has all old houses and the inhabitants of the town of a thousand fountains are obliged to drink well water". Nem ele, nem os outros perceberam. A origem do nome do próprio rio é curiosa. Houve quem quisesse ver nele uma palavra árabe ou germânica. Fantasias! A palavra Mira, pensam hoje os especialistas, provem da antiga língua falada na região, antes dos romanos, antes, antes mesmo dos celtas. E, tudo indica, significa "curso de água", isto é, "rio". Portanto, as antigas populações chamavam ao rio, simplesmente... rio. Quem não entendeu o antigo falar da população foram os sucessivos povos que posteriormente estiveram na Península. Com efeito, eles julgaram estar perante um nome próprio. Por isso, os romanos ter-lhe-ão chamado Mira flumen e os árabes designaram-no por ode Mira. E assim se repetia em diferentes línguas a mesma ideia. Retirado de :Milfontes, Quadros da sua História Vial Nova de Milfontes, Odemira Junho de 2009
Vila Nova de Milfontes, Odemira
Alentejo, Junho de 2009
Cardos na areia da praia do Malhão
Praia do Malhão, Vila Nova de Milfontes, Odemira
Junho de 2009