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Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

Lá muito ao longe… está a luz! Eu já a vi!

A luz

 

Lá muito ao longe… está a luz!

Eu já a vi!

E agora…

Procuro o caminho que a Ela conduz…

 

Mas afastai-vos, caridoso intento!

Saí da minha frente,

Gentes que ouvistes meu lamento!

 

Perdoai o meu tom brutal, irado…

… Mas eu não quero fazer o tema copiado!

 

Eu quero ir sozinha!

Consciente dos meus passos!

Ainda que gaste a vida em sofrimento…

Eu quero ir sozinha!...

 

Deixai-me passar!...

Deixai-me enganar e recomeçar…

Deixai-me ficar aos bocados pela estrada,

Deixai-me que procure em direcção errada,

Mas deixai-me ir sozinha!...

 

E se eu morrer antes de alcança-la,

A Luz saberá

Que eu gastei a vida a procurá-la!...

 

Maria José Rijo 

 

Pôr  do Sol em Monsaraz

Alentejo, Agosto de 2011

Jorge  Soares

Pensamentos em contraluz

Pôr do Sol em Monsaraz

 

Em contraluz vou perambulando

Pessoas, pensamentos, silhuetas

Com quem me cruzo e vou guardando

 

Fim da tarde; Fim do dia; Fim somente.

 

Deixem-me passar

Que tenho pressa

Deixem-me! Preciso ver

 

Ó gentes! Deixem-me correr

Enquanto há luz

Enquanto tenho esperança

 

Deixem-se sentir arrebatada

Com a luz que a minha vista alcança

 

Sombras, eu reconheço

O resto passa, e eu esqueço

 

Mas hoje, deixem-me prender às cores que me aquecem o olhar

 

Dida 

 

Prr do sol no Alentejo

Monsaraz, Julho de 2011

Jorge Soares

Gosto do Alentejo

Pôr do Sol em Monsaraz

 

Gosto do Alentejo  

 

Gosto menos dos campos felizes,

Exuberantes, sempre vestidos

De verdes macios…

Não recebo deles aquela inquietação

Que os campos mais tristes

Por vezes me dão!

Gosto mais do Alentejo,

Do meu!...

De Moura onde nasci,

A Beja, Santa Victória,

Onde nasceu o meu amor por ele!

Gosto do meu Alentejo – Tragédia!

Imenso, quente e nu!

Gosto da sua terra de barro

Da cor da carne viva!

Gosto de ouvir dizer

Chaparro, tarro, seara,

Almeara, restolho,

Palavras musicais

Fortes, gostosas,

Que o alentejano diz arrastando

 

Como se arrasta a saudade,

E a ansiedade da sua alma

De homem solitário,

Que tem pudor do riso

E orgulho no canto,

- Esse estranho pranto

Dos sonhos que tem sem se aperceber!...

Gosto do meu Alentejo

De Inverno frio, arrepiante,

Onde só um ventinho cante!

Gosto das suas tardes de Verão,

De calma sufocante,

Onde nem pássaros cantem

E só a cigarra cante!

Gosto da terra!

Da terra que se oferece

Ali, à luz do dia!

Dessa terra fecunda,

Como um ventre macio

Que por amor de Deus

 

Concebe o Pão – o nosso Pão,

Em toda a imensidão

Duma nudez sem pecado!

Gosto do meu Alentejo só,

Tragicamente mudo

Sob o olhar azul do céu!

Gosto de ver bailar

O silêncio mais a escuridão

Nas noites sem Luar!

E, de dia…

O que impõe o Alentejo,

O que nele me seduz,

É ver o silêncio

Mais a solidão,

A gerar o pão

Em bebedeiras de luz!...

 

Maria José Travelho Rijo

Primavera de 1955

Retirado de aqui 

 

O Sol do fim de tarde por entre as ruínas do Castelo de Monsaraz

Julho de 2011

Jorge Soares

 

 

Alentejo: Monsaraz

Monsaraz, Alentejo, Portugal

 

A vila de Monsaraz é uma das mais antigas povoações portuguesas, a Sul do Tejo. A sua ocupação data dos tempos pré-históricos, contando-se nos arredores cerca de centena e meia de monumentos megalíticos. O próprio monte onde foi construída a vila foi provavelmente um povoado pré-histórico fortificado, e no Arrabalde existe uma vasta necrópole rupestre pré-romana, de sepulturas antropomórficas cavadas na rocha viva.

 

O primitivo castro pré-histórico foi mais tarde romanizado e depois sucessivamente ocupado por visigodos, árabes, moçárabes e judeus e a seguir à reconquista foi cristianizado.

 

A palavra Xarez ou Xerez equivalia, durante o domínio muçulmano na Península, à forma arábica SARIS ou SHARISH. O equivalente em castelhano do vocábulo português xara é Jara. Assim Xarez ou Xerex apresenta os equivalentes arcaicos castelhanos de Jaraez ou Jarás que conduziram, por corrupção, às formas actuais de Jerez castelhano e do Xarez portuguesa.

 

Monsaraz pode significar, portanto, Monte Xarez ou Monte Xaraz, cerro erguido no coração de uma terra à margem do Guadiana, antigamente povoada por um impenetrável brenhal de estevas ou xaras e que, pela excelência de condições estratégicas - posição de altura com cobertura defensiva de um grande e profundo rio - recomendava, naquele sítio inacessível, a fundação de um povoado. 


Em 1157, foi conquistada aos mouros por Geraldo Sem Pavor, mas em 1173 torna a cair em poder dos almôadas, na sequência da derrota de D. Afonso Henriques em Badajoz. D. Sancho II, auxiliado por cavaleiros dos Templários, conquista Monsaraz definitivamente em 1232 e faz a sua doação à Ordem do Templo.

 

O repovoamento cristão de Monsaraz e do seu termo só vem a ocorrer no tempo de D. Afonso III e foi obra do cavaleiro Martim Anes, que parece ter sido também primeiro Alcaide de Monsaraz. Em 1263, é já uma importante povoação fortificada e também sede de um concelho pericito e dotado com os mais amplos privilégios jurídicos: possui já a primeira carta de foral expedida por D. Afonso III.

 

Neste período de ocupação cristã de Monsaraz, o povoador Martim Anes começou a levantar a noca alcarçova e os cavaleiros das Ordens Militares e o clero secular deram inicio à construção dos templos primitivos de Santa Maria da Lagoa e de Santiago, da Ermida de Santa Catarina, no Arrabalde, do Hospital do Espírito Santo e da Albergaria. 


A economia era fundamentalmente agrícola e pastoril, verificando-se paralelamente um apreciável desenvolvimento das pequenas indústrias da olaria tosca, dos cobres martelados e dos chocalhos, e o artesanato grosseiro dos tecidos de lã e linho.

 

Em 1319, Monsaraz é erigida comenda da Ordem de Cristo e fica na dependência de Castro Marim e nesta altura começa a ser construído o edifício gótico do primitivo tribunal, decorado a fresco com o famoso painel alegórico à justiça terrena. É também nesta altura que data a torre de menagem (época dionisina).

 

Em 1412, por doação do condestável a seu neto D. Fernando, Monsaraz é integrada na sereníssima Casa de Bragança e passa, em matéria de tributação fiscal, a construir um dos mais preciosos e fartos vínculos da grande casa ducal portuguesa.

 

Em 1512, D. Manuel manda reformar o foral de Monsaraz e regula a vida pública do concelho e da vila por novo diploma jurídico e a confraria da Misericórdia de Monsaraz fica definitivamente instituída na Matriz de Santa Maria da Lagoa.

 

A grave crise demográfica de 1527, causada pela peste que alastrava em Portugal, faz com que, por ordem do Duque de Bragança, e como medida de fixação demográfica local, se esboce uma modesta reforma agrária, que se traduziu no parcelamento das terras comunais concelhias. A paisagem do minifundio nos arredores de Monsaraz resulta ainda da partilha quinhentista das terras comunais.

 

A sua posição de vila medieval acastelada, o impetuoso progresso das aldeias dos Reguengos, situadas numa planície de fácil acesso e enriquecida pelo esforço dos moradores, no que respeita ao artesanato Janeiro e da grande lavra das vinha, juntamente com a tradicional fidelidade do ideário montessarense aos princípios políticos do absolutismo, faz com que a transferência da sede do concelho se faça de Monsaraz para Reguengos de Monsaraz, em 1840.

 

Fonte Monsaraz.com

 

Monsaraz: Insónia Alentejana

Alentejo, Monsaraz

 

Insónia Alentejana

Pátria pequena, deixa-me dormir,
Um momento que seja,
No teu leito maior, térrea planura
Onde cabe o meu corpo e o meu tormento.
Nesta larga brancura
De restolhos, de cal e solidão,
E ao lado do sereno sofrimento
Dum sobreiro a sangrar,
Pode, talvez, um pobre coração
Bater e ao mesmo tempo descansar...

 

Miguel Torga

 

Monsaraz, Alentejo

Julho de 2011

Jorge Soares

Alentejo, Monsaraz : Olha o passarinho

Monsaraz, Alentejo

Monsaraz, Alentejo

Monsaraz, Alentejo

Monsaraz, Alentejo

 

Dei por eles ainda antes de entrar nas muralhas, eles e o fotógrafo, não sei por onde andariam os convidados, sei sim que os fui encontrando aqui e ali pelas ruelas.... andaram por ali de certeza mais de uma hora.... não lhes gabo a paciência, por algo não houve fotógrafo oficial no meu casamento.. mas  invejo o lucro do fotógrafo, centenas de cliks (€). No fim, na ingreme e perigosa escada de metal que levava ao cimo da muralha, já dava pena a expressão da pobre noiva... mas dizem que quem corre por gosto não cansa....

 

Eu detesto fotos de casamento, não seria capaz de fazer o trabalho ali do senhor... mas adoro apanhar estas cenas, pessoas que fazem pose para outros fotógrafos, estes a fazerem o seu trabalho.... gosto, pronto.

 

Fim de tarde em Monsaraz, Alentejo

Julho de 2011

Jorge Soares

 

Alentejo: Terra da cor dos olhos de quem olha!

Sol e Sombra em Monsaraz

 

Alentejo

A lua que te ilumina,
Terra da cor dos olhos de quem olha!
A paz que se adivinha
Na tua solidão
Que nenhuma mesquinha
Condição
Pode compreender e povoar!
O mistério da tua imensidão
Onde o tempo caminha
Sem chegar!...

 

Miguel Torga

 

Sol e Sombra num fim de tarde em Monsaraz, Alentejo

Julho de 2011

Jorge Soares

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