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Dia de pesca no Rio Sado em Setúbal
Parque Urbano de Albarquel
Setúbal, Fevereiro de 2013
Jorge Soares
Num fim de tarde de verão nas margens do Sado em setúbal.
Julho de 2012
Jorge Soares
São dezenas de botes, dão um colorido diferente à doca, sempre os vi ali, botes a remos que imagino servirão para a pesca no estuário do Sado... mas que nunca vi fora da doca... vai d eaí... eu e os pescadores andamos com as horas trocadas.
Docapesca de Setúbal, Abril de 2011
Jorge Soares
Pescadores na Costa da Caparica
Janeiro de 2011
Jorge Soares
O Cansaço
O que há em mim é sobretudo cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Álvaro de Campos
Olhando para o que resultou da faina de um dia... o mar nem sempre é pródigo, há dias assim.
Algures na ilha de Santiago, Cabo Verde
Fevereiro de 2010
Jorge Soares
Uma bola é uma bola em qualquer parte do mundo, esta corria veloz na areia escura da praia da Cidade Velha e atrás dela corriam os meninos que voltam a ser crianças no intervalo entre a vida.
No fim do Jogo os meninos arrastaram um daqueles barcos para a agua e já de novo feitos homens, dois deles pegaram nos remos e fizeram-se à pesca, que a vida segue sempre no intervalo entre os jogos.
Cidade Velha, Santiago, Cabo Verde
Fevereiro de 2010
Jorge Soares
Tenho frio. Tendo um copo de vinho que se esvazia na gula dos dedos boquiabertos. Tenho sede. Embriago-me na tristeza liquefeita da vinha. Na ira da raiz. Esfrego as mãos nas parras que se despedaçam na terra. Tenho o enjoo encostado a mim. Que me atravessa em pontos determinados. No alvoroço das marés. Remo no silêncio sossegado da baixa-mar. No instante em que o horizonte é lugar no longe. No nada. Na efeméride calada. Tenho olhos de vidro. Escaqueirados no areal. Lá, onde os copos não existem e os vinhos não transportam alegrias de entoar.
Vai-te, flutuante casa da memória. A minha ferida segue à bolina na doce espuma do desgosto. Enfeitada com vozes afónicas. Tenho a noite. Que é mais segura sem ti. De dia, sobram-me roncos dos barcos vazios. Esburacados. Rombos nas mãos que ainda tenho. Na sede da água que se foi com a maré… Outra vez a casa. A casa deles não vem com o mar. Tenho a memória dos pardais que trinavam no telhado. A ver aqueles barcos que já não podem naufragar.
Sou barca atracada na quietude do desabrigo. Tenho uma mansa planície de papoilas azuis no sangue. Ardo na língua do Sol. E o barco segue, como se a foz o não tivesse afogado. Como se as amarras detivessem o vendaval. O homem do barco a remos desligou o motor. E as barcas persistem no seu carregar. Não tenho. Mas as gaivotas caçam o equívoco da abundância…
Setúbal, Outubro de 2009
Jorge Soares