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Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

Momentos e Olhares

A vida é feita de momentos, alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade! -Jorge Soares

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos

Cão

 

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova quando
chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de
grandes chuvas e das recordações da infância.
Preciso de um amigo para não enlouquecer, para contar o que vi de belo e triste
durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.
Deve gostar de ruas desertas, de poças d´água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim. Preciso de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já tenho um amigo. 
Preciso de um amigo para parar de chorar. Para não viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas.
Que bata nos ombros sorrindo e chorando, mas que me chame de amigo, para que eu tenha a consciência de que ainda vivo"

Vinícius de Moraes



Setúbal, Janeiro de 2012

Jorge Soares

Ausência

Concha de Artedo, Astúrias

 

Ausência
 

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces.
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida 
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado. 
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados 
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada.
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado. 
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face. 
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada. 
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite. 
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa. 
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço. 
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado. 
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos. 
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir. 
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas. 
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada. 
  

MORAES, Vinícius de. ANTOLOGIA POÉTICA.

 

 

La Concha de Artedo, Astúrias, Espanha

Agosto de 2011

Jorge Soares

O Número 72

A Porta

 

Eu sou feita de madeira

Madeira, matéria morta

Mas não há coisa no mundo

Mais viva que uma porta.

 

Eu abro devagarinho

Pra passar o menininho

Eu abro bem com cuidado

Pra passar o namorado

Eu abro bem prazenteira

Pra passar a cozinheira

Eu abro de sopetão

Pra passar o capitão.

 

Só não abro pra essa gente

Que diz ( a mim bem me importa...)

Que se uma pessoa é burra

É burra como uma porta.

 

Eu sou muito inteligente!

Eu fecho a frente da casa

Fecho a frente do quartel

Fecho tudo nesse mundo

Só vivo aberta no céu!

 

Vinicius de Morais

 

Algures na Baixa de Setúbal, o número 72.

Junho de 2011

Jorge Soares

A Porta

A Porta

 

Eu sou feita de madeira

Madeira, matéria morta

Mas não há coisa no mundo

Mais viva do que uma porta.

 

Eu abro devagarinho

Pra passar o menininho

Eu abro bem com cuidado

Pra passar o namorado

 

Eu abro bem prazenteira

Pra passar a cozinheira

Eu abro de sopetão

Pra passar o capitão.

 

Só não abro pra essa gente

Que diz (a mim bem me importa . . .)

Que se uma pessoa é burra

É burra como uma porta.

 

Eu sou muito inteligente!

Eu fecho a frente da casa

Fecho a frente do quartel

Fecho tudo nesse mundo

Só vivo aberta no céu!

 

Vinicius de Morais

 

Uma velha Porta marcada pelo tempo e pela natureza

Alviães, Oliveira de Azemeis

Março de 2011

Jorge Soares

Soneto da mulher inútil

Carnaval de Estarreja

 

soneto da mulher inutil

De tanta graça e de leveza tanta
Que quando sobre mim, como a teu jeito
Eu tão de leve sinto-te no peito
Que o meu próprio suspiro te levanta.

Tu, contra quem me esbato liquefeito
Rocha branca! brancura que me espanta
Brancos seios azuis, nívea garganta
Branco pássaro fiel com que me deito.

Mulher inútil, quando nas noturnas
Celebrações, náufrago em teus delírios
Tenho-te toda, branca, envolta em brumas.

São teus seios tão tristes como urnas
São teus braços tão finos como lírios
É teu corpo tão leve como plumas.

 

Vinícius de Moraes

 

Carnaval de Estarreja 2011

Março de 2011

Março de 2011

Soneto do Carnaval

Soneto do Carnaval

 

Distante o meu amor, se me afigura
O amor como um patético tormento
Pensar nele é morrer de desventura
Não pensar é matar meu pensamento.

 

Seu mais doce desejo se amargura
Todo o instante perdido é um sofrimento
Cada beijo lembrado uma tortura
Um ciúme do próprio ciumento.

 

E vivemos partindo, ela de mim
E eu dela, enquanto breves vão-se os anos
Para a grande partida que há no fim

 

De toda a vida e todo o amor humanos:
Mas tranqüila ela sabe, e eu sei tranqüilo
Que se um fica o outro parte a redimi-lo.

 

By Vinicius de Moraes

A gente não faz amigos, reconhece-os.

Cisnes no jardim do Bonfim

 

Tenho amigos que não sabem o

quanto são meus amigos.

Não percebem o amor que lhes

devoto e a absoluta

necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais

nobre do que o amor,

eis que permite que o objeto dela

se divida em outros afetos,

enquanto o amor tem intrínseco o ciúme,

que não admite a rivalidade.

E eu poderia suportar,

embora não sem dor,

que tivessem morrido todos os

meus amores, mas enlouqueceria

se morressem todos os meus amigos!

 

Até mesmo aqueles que não percebem

o quanto são meus amigos e o quanto

minha vida depende de suas existências ….

A alguns deles não procuro, basta-me

saber que eles existem.

Esta mera condição me encoraja a seguir

em frente pela vida.

 

Mas, porque não os procuro com

assiduidade, não posso lhes dizer o

quanto gosto deles.

Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crônica

e não sabem que estão incluídos na

sagrada relação de meus amigos.

 

Mas é delicioso que eu saiba e sinta

que os adoro, embora não declare e

não os procure.

E às vezes, quando os procuro,

noto que eles não tem

noção de como me são necessários,

de como são indispensáveis

ao meu equilíbrio vital,

porque eles fazem parte

do mundo que eu, tremulamente,

construí e se tornaram alicerces do

meu encanto pela vida.

 

Se um deles morrer,

eu ficarei torto para um lado.

Se todos eles morrerem, eu desabo!

Por isso é que, sem que eles saibam,

eu rezo pela vida deles.

E me envergonho,

porque essa minha prece é,

em síntese, dirigida ao meu bem estar.

Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos

sobre alguns deles.

 

Quando viajo e fico diante de

lugares maravilhosos, cai-me alguma

lágrima por não estarem junto de mim,

compartilhando daquele prazer …

Se alguma coisa me consome

e me envelhece é que a

roda furiosa da vida não me permite

ter sempre ao meu lado, morando

comigo, andando comigo,

falando comigo, vivendo comigo,

todos os meus amigos, e,

principalmente os que só desconfiam

ou talvez nunca vão saber

que são meus amigos!

 

A gente não faz amigos, reconhece-os.

 

(Vinícius de Moraes)

 

Cisnes no Jardim do Bonfim, Setúbal

Dezembro de 2009

As borboletas

Borboleta

 

 

Brancas

Azuis

Amarelas

E pretas

Brincam

Na luz

As belas

Borboletas

 

Borboletas brancas

São alegres e francas.

 

Borboletas azuis

Gostam muito de luz.

 

As amarelinhas

São tão bonitinhas!

 

E as pretas, então…

Oh, que escuridão!

  

 

Vinícius de Moraes

 

Gosto de sair de casa com a máquina na mão, dou a volta ao bairro, desço as escadas por um lado, subo pelo outro, por entre os patios e canteiros das velhas casas há sempre agradáveis supresas, mesmo que sejam borboletas do Outono em roseiras secas.

 

Setúbal, Outubro de 2009

 

Jorge Soares

 

Oct 27, 2009, Câmara: SONY , Modelo: DSLR-A350, ISO: 100, Exposição: 1/1000 seg., Abertura: 5.6, Extensão focal: 200mm

 

 

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